29 agosto, 2008

Cantotubo

Esta prosa é do Will (http://mesmamesmicedesempre.blogspot.com/ ).
Como ele mesmo disse 'Falamos do mesmo assunto, de maneiras e visões diferente.... acho que a idéia se manteve... o tema, mesmo mudado, continuou o mesmo.... '
Bem interessante a esperiencia de trocar palavras, visite o blog dele, você irá adorar e ver a minha versão desse cubículo.

Cantotubo

Pareciam poucos
um canto, um cubo
Mas contando
cada cantocada lado, sempre calado
retrato-quadrado
uma históriaa memória
Era um cubo de tudo.
Até mais: um cubículo.
Que mente!!!

27 agosto, 2008

Honestamente desonesta

Algumas pessoas ouvem suas próprias vozes interiores e vivem de acordo com o que ouvem... Essas pessoas tornam-se loucas ou lendas. Dificilmente creio que alguém lembrará de contar minha história, isso é muito injusto. Poxa, eu me esforço. Não quero só entrar na hístoria, não. Quero fazer historia. E louca. Tenho tanto bom senso que minha loucura só se manifesta depois da meia noite. Existem três formas de se fazer às coisas. O jeito certo, o jeito errado e o meu jeito. Talvez de alguma forma menos formal ou digna.

Eu sou desonesta – e sincera também. Se voce for pedir minha opinião sobre alguma roupa, pode apostar que serei muito clara e objetiva. - E pode-se sempre confiar num desonesto, porque vocês sabem que ele sempre será desonesto. Honestamente, são os honestos que devem ser vigiados. Porque nunca se sabe quando eles farão algo incrivelmente estúpido!
É legal o que acontece quando você para de ser quem você pensa que é, e começa a ser quem você é de verdade.

Não existe um destino, apenas caminhos diferentes. Algumas escolhas são fáceis outras não, mas as que realmente importam são aquelas que nos definem como pessoas. Não sei o quanto disso me qualifica como má, mas, sempre prefiro o Darth Vader.
Acho uma perda de tempo à preocupação das pessoas de mostrarem o quanto são boas, o quanto são capazes – eu não tenho que provar nada a ninguém -, vocês se preocupam em transbordar as qualidades mais cretinas, inventar uma postura honesta, preocupada e altruísta. Acho muito mais inteligente expor seus defeitos, se torna mais divertido e consequentemente, acredito que se fosse assim o mundo seria um lugar melhor, mais fácil de lidar. Um lugar menos sujo. Porque lidando realmente com nossos demônios é que fica mais fácil de consertar, de entender e de desfazer. Isso tudo é uma grande maldade, se pergunte como voce contribuiu para todo esse Inferno. O cara que é bom se preocupa em ajeitar o que esta ruim, ele não precisa se preocupar em quanto já é bom. Isto esta me confundido.

Algumas coisas são verdadeiras, acreditando nelas ou não. Dê-me dinheiro que faço poesia, te ensino a não chorar e brinco com seu cachorro. Por que minha maldade não existe para afetar os outros, só faço mal a mim mesma. Mas, nada posso fazer para evitar que meu plano atinja pessoa que não deviam estar aqui. Eu já as mandei embora.
É difícil, não dá para planejar, você precisa observar as pessoas, ficar de olho nelas e protegê-las. Nem sempre a gente sabe o que precisa. É a grande chance de consertar uma coisa que não seja a sua bicicleta. Dá para consertar uma pessoa. Mas, agora estou muito ocupada tentando me destruir. Maldito egocentrismo, costuma me derrubar da cama.
Eu tenho medo de mudar, de pensar que as coisas podem mudar. O mundo não é feito somente de merda! Mas é difícil pra quem se acostumou com as coisas como elas são. Mesmo que sejam ruins elas não mudam, então as pessoas desistem, eu desisti... Quando isso acontece todo mundo sai perdendo.

24 agosto, 2008

Ex-romântica

Num mundo cada vez menos sólido, os vínculos humanos se tornam mais frágeis e voláteis. Então, não diga que o problema sou eu. Tão pouco a solução. Você entende, o mundo só parece o conto de fadas que ele não é. Muita gente diz eu te amo sem querer dizer nada.
Todos nós temos um lado que não devemos ser amados. Arrisco a dizer que em mim seja por inteira. Mas, eu estou gritando, as pessoas que mais precisam de amor, são as que se encontram dentro de mim.
Nem venha com piedade, porque piedade não é amor...

O amor pode nos matar, pode nos separar, mas se tivermos sorte pode nos reaproximar. Às vezes o amor é inesperado e imprevisível, e às vezes você só tem que entrar com o coração. E torcer para dar certo... Pensamento positivo não é algo que funcione no Brasil.
Então nos apaixonamos por alguém que não podemos ter, e que nunca, eu disse nunca, vai te enxergar ou até mesmo te amar como você verdadeiramente queira, então fantasiamos que um dia essa pessoa vai perceber o que estava perdendo e que todos os seus sonhos depois disso irão se realizar como num maravilhoso filme.

Mas, esse dia nunca chega e antes que perceba o tempo passou, você desperdiçou sua vida, seus amigos por alguém que hoje em dia passa na rua e você nem enxerga. Assim nos tornamos mais uma alma que pesa o mundo, me assumo como ex-romântica, porque flores – as que nunca recebi-, cartas – as que nunca recebi -, amor – o que nunca recebi – não irão me convencer a me entregar. Não por medo, mas porque sou sagaz o suficiente para diferenciar as palavras que são ditas e levadas pelo vento. Mentiras caramelizadas não me interessam. Ninguém deseja saber de verdade como é se apaixonar, porque é um saco. É como um diamante; por fora parece lindo, mas por dentro é duro, cheio de arestas e cortante. O ato de verdadeiramente amar alguém nunca deveria ser confundido com uma fase agradável. Amar alguém é tão doloroso e decepcionante quanto é conhecer a si mesmo. É provável que seja a única coisa que vale a pena fazer, mas nem por isso quer dizer que será um passeio.
É assim que funciona: você é jovem até não ser mais. Você ama até não amar mais. Você tenta até não poder mais. Você ri até chorar. Você chora até rir. E todo mundo deve respirar até o último suspiro.

As pessoas olham as coisas como elas são e se perguntam Por quê. Eu olho as coisas como elas poderiam ser e me pergunto Por que não? Sinto um soluço e a vontade de ficar mais um instante. É vazio, tudo é vazio, as coisas só vêm para ir embora, todas as coisas feitas precisam ser desfeitas, e elas precisam ser desfeitas simplesmente porque foram feitas. Assim são os amores, promessas e desejos. Experimente ficar despreocupado, quando você menos precisa que alguém invada sua vida, alguém invade. E não precisa se justificar, embora voce a acuse, já está tarde para manda - lá embora. Prestamos atenção só quando esse alguém precisa nos deixar, e ai voce percebe que o pra sempre é muito tempo, e que voce precisa trabalhar na segunda. E o que estava feito, se desfaz. E nunca mais, eu disse nunca; vai voltar a ser a mesma coisa...


..Ah, o amor!

22 agosto, 2008

O muro


Em um lugar que não importa havia uma bailarina. Ela era singular de tudo que você acha que já viu, ou de tudo que você acredita que sentiu. Alguém sozinha e frágil, de olhos brilhantes que se alegravam em caçar rabiscos nas nuvens, e dançar sob o vento. Tudo ao seu redor era cinza, delicadamente cinza. Quando ela dançava esquecia todo o abandono, o mundo se calava. Tudo o que ela escutava era uma canção, qualquer uma.
A pequena sentia dor, não costumava ralar o joelho, embora o que doía nem ao menos sangrava. Era todo o vácuo que preenchia seu peito. Ela não conhecia ninguém, estava presa e acostumada com tudo isso. Acostumada a não ter coração.
Tempos atrás ela mesma fez sua prisão, um grande e forte muro construído com todos seus medos e mágoas. Não sei como ela conseguiu apesar de tudo, mas seu mundo não girava; ele embalava a bailarina e ela dormia com a esperança de nunca mais precisar abrir os olhos.

Em um dia lilás – dias lilás são os mais legais depois dos dias laranja -, a bailarina acorda com o barulho das estrelas que brincavam de se esconder atrás do sol, ela acordou triste e seus olhos derramavam lágrimas de chocolate, quando de repente um principezinho que passava por ali a ouviu chorar.
O amor nasce de quase nada, morre de quase tudo.

Ele gritou pro outro lado do muro como se esperasse um copo d’agua no meio do deserto, queria saber quem chorava. Silêncio. Nenhuma resposta:

- Por favor, não tenha medo. Vamos, me diga.
Silêncio.

- Eu não te farei nenhum mal – ele fazia gestos e ficou na ponta dos pés como se pudesse ajudá-lo a construir alguma relação bilateral –, eu tenho algumas jujubas. – humanos, sempre apelam para a soberba.
Silêncio.

- Vá embora e me deixe em paz – os soluços quase a impediram de gritar.

- Não chore, está tudo bem. – ele dava pulos fracassados contra o muro – Eu estou aqui.

- E o que me importa, você não estava antes.

- Estou agora.

- E não estará depois! (!!)
Silêncio. O dia mudou de cor, ficou amarelo.

O principezinho tentou colocar o ouvido mais próximo de uma pedra no formato de um chapéu, não escutou nenhum detalhe. Vasculho o muro por uma brecha entre as pedras. Nada encontrou.
Ele era alguém tão só quanto ela, porém tinha coração, mas sentia a mesma dor. A bailarina sonhava no dia que poderia fugir dali e ir à busca do seu. Ou quem sabe comprar um no mercado negro. O comercio de órgãos está em alta.

- Já disse, sai daqui e pare de me jogar suas palavras – ela já podia sentir a intensidade do principezinho.

- Não vou embora. – disse ele.
O principezinho de fato tinha muita coragem e prometeu para a bailarina que faria qualquer coisa para tirá-la dali. Ela já não acreditava em mais ninguém.

- Não fale besteira – a sua voz estava baixinha, a bailarina queria que dessa vez fosse diferente. Mas, por que haveria de ser? – outros antes de voce já tentaram. Mais fortes, mais inteligentes, mais altos... Todos fracassaram. Eu mesma já tentei escalar esse muro, acabei desistindo no meio do caminho por não saber mais a onde apoiar meus pés. – Agora ele desistira, argumentos não sustentam os fatos.

- Você me subestima. – ele sorriu -, eu sou a exceção.

- E me diga, da onde voce tira tal pretensão?

- Todos os outros que tentaram, desistiram porque não era eu – e então o leão se apaixonou pelo cordeiro-, porque só eu tenho o seu coração.
Silêncio.A bailarina não podia acreditar.

- E como você sabe que esse coração me pertence?

- Porque eu o encontrei em uma possa qualquer e levo desde então no bolso, e hoje quando passava por aqui ele começou a pulsar, e me trouxe até você.

O principezinho não iria desistir.

- Eu não vou te abandonar – e dizendo isso ele a fez sorrir.

O principezinho queria conquistar o mundo, enquanto a bailarina fugir dele. E apesar de toda sua valentia e amor, de veras o muro era muito alto. Impossível para o principezinho escalar ou tentar derrubar, então fez uma promessa: todo dia iria até o muro e cantaria para a bailarina poder dançar. Todo dia ele atiraria uma rosa para o outro lado do muro para ela saber que ele estava ali. E apesar de tão distantes, juntos esperariam até o dia que o principezinho fosse grande o suficiente para chegar ao outro lado.

- Você só precisa confiar em mim – dizia ele com a voz incrivelmente doce.

De um lado ela, do outro ele. Entre os dois um muro cruel. E mesmo que o mundo estivesse entre eles, nada poderia detê-los. E nada fará a bailarina esquecer o quanto o principezinho a fez sorrir.

- Eu vou te esperar o tempo que for. – disse por fim a bailarina, desejando mais que tudo estar nos braços dele.

O dia mudou para sua cor favorita.

11 agosto, 2008

Muda de suspiros

Deixar os outros em paz não quer dizer indiferença, mas apenas demonstração de inteligência e maturidade. Não importa a onde eu vá, todos parecem estranhos. Somos responsáveis por aquilo que cativamos, mas ele deixou a flor. O Principezinho a deixou. Enquanto me sinto, não tento cativar nada nem ninguém, uso o silêncio de meus suspiros para não ter que gritar com minhas lágrimas. Porque nos abandonamos. – pense em uma interrogação ali.

Tenho tantas coisas importantes para dizer. Mas, é tão importante que prefiro não dizer. Só se é sincero aquilo que não se diz. Então isso também não é sincero. Também não. Só o silêncio é sincero. É preciso escutar o silêncio, não como um surdo, mas como um cego. Minha Nossa Senhora, que coisa bonita que eu falei. Teria sido linda se eu tivesse ficado em silêncio. O silêncio das coisas tem um sentido. Quem não entende isso, não entende nada. É preciso entender um olhar. Nunca fui boa em decifrar gestos.
É tudo o que eu digo, ou o que eu não digo. Não que eu ache atraente as coisas subentendidas, mas acostume-se, esse é meu silêncio. Quem tiver ouvidos para ouvir que ouça.
Sabe, a música também é silêncio. Bach sabia disso, Mozart também. Beethoven só soube quando ficou surdo – que Cláudia Leite a descubra, pelo amor de Deus. -, o vento não faz barulho? E o que é o vento senão ar? A música é o silencio em movimento, sendo assim faço dela minha cúmplice, e das palavras minha sombra, do meu silêncio meu óbito. As palavras estão em quem fala – a música em que a sente – e em quem escuta. O silêncio fica entre os dois, intocado, um silêncio enorme, intransponível. Ao passo que a música está entre nós, isto é, no que resta além de nós. E o resto é silêncio.

Sobram tantos medos que nem me protejo mais. Mas, decorei com exatidão como um passado que eu mesmo criei; tudo aquilo que ainda não possuo. De tudo só fiquei com meu silêncio, bendito o seja. Acredite, ficar calada não é tão ruim. Mas, não digo para você se tornar mudo, apenas use seu silêncio. Podemos até nos comunicar, aprecio pessoas que me deixem em paz. Prefiro que não me cative porem te odiarei se voce não tentasse. Mas, que fique claro que você não é uma flor, então não irei te abandonar. Pelo menos não até que voce o faça.

05 agosto, 2008

Encontro marcado

Calei-me.
Eu me recuso a escutar o que você tem a me dizer. De nada adiantou; a seguir um depoimento de alguém que eu nem sei se existe. Achei isso uma brincadeira de mau gosto.

- Você é mais capaz de se fazer amada do que de amar. Sua lógica é irresistível, mas impiedosa, irritante. Sua compreensão do mundo, da vida e das coisas é surpreendente, seu olho clínico é infalível, mas voce é uma garota refreada, está sempre na defensiva – risos -, tem uma aura de pureza não conspurcada, porém é ascética demais, aprimorada demais. Não se contamina nunca, e isso humilha todo mundo – pausa para analisar a poeira que caminhava entre seus pés -, só que ao mesmo tempo não tem como não se prender ao seu olhar, intenso. Voce é um poço de contradições. Chego a acreditar que não há sensibilidade capaz de dar conta dessa tonelada de sensualismo. Tudo em voce é ostensivo. Mas, não posso esquecer de dizer a sua capacidade de amar anonimamente, sem pedir nada em troca, sem reconhecimento, sem perdão. – Ele estava buscando o meu olhar, eu o escondia. Como ele podia falar essas coisas? Continuou com um falso sorriso exuberado.
Dá-me medo o fato de pensar que pra sempre voce irá permanecer intocada, pensar que voce nunca vai superar esse horror ao compromisso, porque voce se julga uma comprometida com a dor, tem uma missão a cumprir, é uma escritora. Voce se torna extremamente forte quando justo lhe falta os braços, sua simpatia azeda e seu sorriso encantador, mas é cheia de arestas que ferem sem querer. Seu ar de quem está sempre indo a um lugar que não é aqui, para se encontrar com alguém que não sou eu. Seu desprezo involuntário, sua inteligência incomoda, seus argumentos até mesmo para o silêncio. Esse orgulho. – Eu queria sair correndo, mas ele estava me prendendo. Fechei os olhos. Ele buscou ar como se buscasse a si mesmo. Continuou... - Você é seu orgulho. Torna-se miserável, talvez desgraçada, porque se acha incapaz de ser feliz e amar sem renuncias, pelo orgulho, ou pela solidão, pelo medo.
Então eu falei:
- Voce é masoquista. Não sabe de nada – ou quase nada -, vou continuar largada, desesperada, desarvorada... Seu depoimento a meu respeito é menos interessante do que minhas próprias constatações. – pela primeira vez fingi que o encarava.
- Você é um demônio. – Seus olhos brilhavam, eu por algum momento queria que ele fosse real.
- Concordo – lancei um sorriso diabólico -, perto de mim o Diabo é bebê de colo.
- Eu te amo. – ele suspirou, seu tom era de alivio.
- Já eu acho uma perda de tempo me amar. – soltei meu cabelo e virei as costas.
- Perda de tempo é voce não deixar eu te amar absurdamente! – ele gritava, e sua voz cada vez mais distante; assim como eu.