30 março, 2010

Meus olhos se escondem

Meus suspiros são em vão, os Deuses estão surdos
Então, eu percebo que até os anjos podem cair.

23 março, 2010

Terraço

23:29
Quer ir até o terraço comigo?


00:01
Eu não devia notar sua ausência.
Minha boca tá lambuzada de estrelas e minha mão coberta de doces, e você
não está aqui.


00:06
Queria que você pudesse ver meus olhos no escuro.


00:31
Pare de agir como se não entendesse o que está acontecendo comigo.

00:34
Não acho justo ter que pensar em você enquanto eu espero o sono me salvar.

00:39
Eu continuo aqui.

19 março, 2010

Ponteiros

Ele tira o relógio como alguém com urgência em tirar a roupa.
Eles não precisam do tempo para lembrar do que está acontecendo.

16 março, 2010

09 março, 2010

Piquenique noturno

Ele lançava olhares ansiosos
Ela deixava as mechas negras cair sobre face
Ele se aproximava
Ela também
Ele respirava pela boca
Ela respirava acompanhando as batidas do coração dele
Ele deu um sorriso torto
Ela contornou o rosto dele com os dedos
Ele se aproximou
Ela também
Ele encarava a boca dela
Ela seguia os olhos dele
Ele queria
Ela deu um sorriso bobo
Ele tocou o rosto dela
Ela fechou os olhos
Ele segurou firme na mão dela
Ela providenciou de se fixar contra ele
Ele respirava devagar
Ela não se preocupava em soltar o ar
As mãos dela cabem nas dele, as mãos dele se encaixam no corpo dela
Ele se aproximava
Ela também
Ele queria falar
Ela não sabia como
Ele pinicou a bochecha dela com a sua barba mal feita
Ela suspirou
Ele beijou o pescoço dela
Ela brincou com o cabelo dele
Ele a puxou pra ele
Ela estava onde devia estar
Ele se aproximou
Ela também
Ele queria que durasse pra sempre
Ela, que o tempo desaparecesse
Ele a segurou forte
Ela o beijou demoradamente, suavemente, e quando se afastou, tocou-lhe a boca com os dedos
Ele sorriu
A lua e as estrelas testemunharam tudo, ele e ela estavam juntos.

05 março, 2010

Cisco

Faz tempo que estou assim: frágil, desprotegida e vulnerável. Me pergunto se por acaso eu tivesse nascido em agosto o mundo giraria de outro modo. Corro pra de baixo do chuveiro e deixo a água tostar minha pele, só para lembrar que ainda existe tato em mim.

As vezes a gente vai com tanta pressa ao encontro de alguem que se esquece de se levar junto. E vai deixando para tras o eu, esquecendo de si mesmo e inventando o desejo e o desejo transforma-se no proprio tempo e depois disso, tudo se torna adiado. Eu já nao tolero resolver o desespero, ele se tornou um cisco em meus olhos que serve para me lembrar que devo deixa-los bem abertos. Coçar não resolve nada.
Aprendi que na despedida não há lugar para poesia, que as paredes de meu quarto não abafam os ruidos do meu choro e que o travesseiro só serve para secar meu soluços. Com tudo isso, hoje sei que a dor não pede compreensão, e sim respeito. Ela está ali, não ignore. É pior, bem pior.

Estou vivendo uma vida toda para dentro. Só queria que tivesse sobrado algo para me fazer sorrir sem saber o porquê. E minhas fugas de nada mais adiantam, seriam tão bom não haver o depois, se relacionar sem que ele e eu - especialmente eu -, sem que nenhum dos dois esperasse absolutamente nada, mas infelizmente nós, a gente, as pessoas, têm, temos sentimentos. A emoção nos torna cegos, e é preciso que se aja rápido quando sentir um incomodo nos olhos.