31 março, 2009

Céu no chão

Não foi por ele ter ido embora
Mas, foi por não ter me levado junto.
Não foi por eu ter ficado
Mas, ele me abandonado.

O vazio que vem a noite
Nao se vai quando é dia.

24 março, 2009

Alguém para beber comigo

Balanço a cabeça para dizer que tudo não me interessa. Divido meus ossos com pensamentos, alguns pensam estar sempre certos, outros são quietos e irritados, outros, eles parecem tão legais, por dentro eles talvez se sintam tristes e errados. Porque os sentimentos vão dizer todo tipo de coisas que não significam nada pra mim, porque tudo que vejo é o que está na minha frente. Não me agarro a misérias emocionais.

Por vezes, quando reflito sobre as tremendas conseqüências das pequenas coisas, fico tentada a pensar que não há pequenas coisas. Já assisti tantas vezes meu coração ser estrangulado pelas outras pessoas – tão previsível -, só quero mudar de canal. Agora só confio no semáforo – embora minha crença não seja só no dinheiro, acredito também no Google.

Eu finjo ser feliz pra eu não ficar chateada comigo. E isso irrita demais as pessoas. Todas as manhãs eu deixo os sonhos na cama, acordo e ponho a roupa de viver. Todas as manhãs caminho vagarosamente para o mesmo lado que me levará para lugar nenhum, para ver ninguém E todas as manhãs imagino como serão as tardes, já sabendo a resposta, finjo ser feliz assim todas as manhãs E todas as manhãs eu espero pela noite, espera assim arduamente para voltar para meu quarto, e ser triste. É quando sento no chão, me sinto assim completa. Completamente triste, completamente vazia. Mas, completa. E quando tiro a roupa e ponho todo o meu corpo em baixo das cobertas quentes e sinto que começo a sonhar, é quando sorrio. Assim pra ninguém. Mas pra mim mesma. E não me olhe como se eu fosse uma estranha, eu só sou desconhecida – faz parte do meu charme -, estranho seria se as pessoas se amassem. Farei-me normal, e muito mais previsível que antes, porém sem deixar ou menosprezar qualquer afeto. Não respondo por mim, nem por ninguém. Além de meus atos, é claro. Diga-se de passagem, a insanidade ainda se encontra em minha mente. E espero que nada mude nesse meio tempo. Tudo bem, não sofra leitor. Compre uma garrafa de vodka e baba comigo.

Nossas vidas são superficiais. Por isto inventaram os remédios para dormir. Quando escrevo, repito o que já vivi antes. E para essa vida um léxico não é o suficiente. Mas, se não fosse pelo sentimento, seria por qualquer outra coisa. E não é o mundo que está triste, é você que exige demais. Se aqui existisse alegria, com certeza eu não seria feliz. Minha parte triste fica livre aqui, ocupando todo o espaço. A alegria utiliza o resto do mundo. Se ser feliz é algo parecido com isso, eu prefiro ser como eu sempre fui.Ou então é como o professor disse: "O cara é burro, isso por que ele foi o espermatozóide mais rápido, imagina se ele fosse o último? Não conseguiria andar e mascar chiclete ao mesmo tempo." – Imagina se ele beber vodka.




20 março, 2009

Funcionaria do mês

Sarcasmo não o único serviço que eu ofereço.
Eu até mudaria o mundo, se essa tarefa fosse bem remunerada.

17 março, 2009

Firme igual prego na areia

Depois saberei tudo - Não se sabe tudo, nunca se saberá tudo, mas há horas em que somos capazes de acreditar que sim, talvez porque nesse momento nada mais nos podia caber na alma, na consciência, na mente, naquilo que se queira chamar ao que nos vai fazendo mais ou menos humanos. Sei que tem alguma coisa fora do lugar em mim. Eu sou uma soma de todos os erros. Eu estou ancorada no nada, uma espécie de não-ser. E aceito isso. Eu estou longe de ser uma pessoa interessante. Não quero ser uma pessoa interessante, dá muito trabalho. Eu quero mesmo um espaço sossegado e obscuro pra viver a minha solidão. Enterrar-me na areia.

Há coisas que conhecemos, e coisas desconhecidas, e entre elas há as portas. O insuportável é que nada é insuportável, talvez não seja nem isso, eu tenho a certeza de que tudo pode ser chamado de indiferença. Comigo mesma, é claro. Se você é bom em antecipar a mente humana, nada fica por acaso. Meu sangue possui muita tinta e pouco analgésico.

Nem sempre vencer resolve, é preciso que os outros fracassem. Eu sempre soube disso.

06 março, 2009

Calmaria

Uma estranha sensação de calmaria, ou então, só seja a minha mente e meu corpo se acostumando e se acomodando com os fatos. Não que eu não queira essa calmaria, muitos diriam de um modo mais poético que seria uma “Calmaria antes da tempestade”, eu até que gosto desse termo, mas porque quero, temo.

Consigo tirar um sorriso meio torto junto com um calafrio de doer, mas não estou mencionando aquela sensação de frio causada pela exposição a um ambiente frio. Quero dizer daqueles calafrios emocionais, por dentro. Sabe, eu gosto dessa sensação, sentir que ainda tem algo dentro de mim.

Minha mente parece uma orquestra sinfônica sem harmonia alguma, onde não se da pra reconhecer o som de cada instrumento. É como os dias cinza que escondem o azul anil. Como máscaras que escondem e disfarçam os sorrisos que não mostraram em nenhum momento o que eu sentia.
Tempestade de sentimentos é um som misturando angústia, incertezas e quase certezas, dor e alívio, paz, a cada acorde tocado é uma sensação diferente é um calafrio por dentro, uma melodia triste.

Ah, os dias de chuva! Essa é a melodia, é o som que quando caem sobre o teto, e escorrem pelas janelas trazem uma felicidade desconhecida, que parecem se transformarem em um estado sólido e, assim preenchendo um espaço que antes era um vazio desocupado e frio.

“Você deveria se ajudar”. É o que me dizem, e acho justo, mas não sei se acostumaria com isso. Acho que desisti antes mesmo da Calmaria e da tempestade vir. No final, dói do mesmo jeito pra todo mundo. Você acorda, mas o problema não é sua cama, não é seu quarto, não é a sua casa, tudo parece em seu lugar, ou não. Mas e então, que diabos estou fazendo aqui?

"Fico pensando se viver não será sinônimo de perguntar. A gente se debate, busca, segura o fato com duas mãos sedentas e pensa: “Achei”! Achei!”, mas ele escorrega; se espatifa em mil pedaços, como um vaso de barro coberto apenas por uma leve camada de louça. A gente fica só, outra vez, e tem que começar do nada, correndo loucamente em busca dos outros vasos que vê. Cada um que surge parece o último. Mas todos são de barro, quebram-se antes que possamos reformular as perguntas. E começamos de novo, mais uma vez, dia após dia, ano após ano. Um dia a gente chega na frente do espelho e descobre: “Envelheci.” Então a busca termina. As perguntas calam no fundo da garganta, e vem a morte. Que talvez seja a grande resposta. A única” (Caio Fernando de Abreu).



Que venham as tempestades...



Texto escrito por Sarah N.C, muito obrigada por fazer parte disso.