30 maio, 2008

Br-43

Um dia alguém me disse que a saudade é o sentimento mais urgente, eu sou uma urgência literalmente então. Tenho tanta saudade acumulada em meu vazio, e ela quando não cabe mais transborda nos olhos e de uma forma muito desgraçada doe. Não sei quem inventou a distância, mas que o filho de uma égua não passe na minha frente, eu mato. Eu mato!
Sou alguém quem encontra as mais fantásticas pessoas ao acaso, e incrível como as mesmas, como que por sina, se localizam no mínimo a 300 km de distancia de mim. Isso é cruel, a maioria nunca irei conhecer pessoalmente, não vou poder pegar na mão ou abraçar – quando você estiver abraçando, não seja o primeiro a soltar -, isso é fato. Não dá pra acreditar em tudo que acontece na internet, está tudo tão rápido. Palavras não dizem nada, e elas podem perder o valor, quando as pessoas se mostram incapazes de provar o que estão falando. Queria poder viajar para SC, MG, SP, RJ, TO ou só ate ali em Santa Maria. Eu que queria fugir para o México nem condições de fugir de mim mesma tenho. Queria encontrar todos eles, essas pessoas que se tornaram tão especiais, pessoas que eu valorizo por estarem na minha vida, pessoas que eu consigo ser o que realmente sou, pessoas que simplesmente preciso nos meus dias. A vontade de deixar tudo aqui e ir caminhando até eles é enorme, um sentimento de amizade e mutualismo. Algo que você sabe que vai levar para a vida toda e por toda a vida. É quando você tem certeza que ser você mesmo basta para que alguém possa gostar de você pelo que você se tornou e pelo que demonstra ser. Sem nunca ter te visto ou dividido as batatinhas com você. Às vezes as pessoas são bonitas.
Não pela aparência física. Nem pelo que dizem. Só pelo que são. Pelo que elas nos fazem sentir.

A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixa cativar, é preciso exigir de cada o que cada um pode dar, a autoridade repousa sobre a razão!
Mas, quer saber o que é mais cruel? E a distâncias das amizades que eu tinha, das amizades em que eu acreditei, das amizades em quem eu vivi. Pessoas que moram do meu lado, que eu vejo todo dia na escola e que agora, não sei se por falta de coragem já não olham na minha cara. Eu tenho que perder essa minha mania de provocar as pessoas. Eu não consigo manter amizades. Sou alguém que acumula desafeto e coleciona inimigo, mas sou grata por ter pessoas dignas e a quem eu respeito e admiro de verdade em meus dias. Eu descobri isso não faz muito tempo, mas foi bem a tempo. Abraços vazios, olhares de gelo. Tão descartável quanto cascas no chão. Eu não me importo. O não às vezes pode ser muito melhor que o sim, por que eu não sou feita de papel? Preciso aprender a me respeitar, saber de quem eu devo me afastar e um dia posso não voltar, minha cama vai continuar sozinha! Muitas vezes o que conta não é o que se dá, mas o que se cede. Eu até agora só cedi, dei tudo de mim, fiz tudo por amizades ‘made in Paraguai’, me dei por inteira para vê-las sorrirem. Acho-me tão patética, eu sou isso. Isso. As pessoas me usam e depois me abandonam. Eu não perdi nada, quem perdeu foram elas. Eu não me importo. Não derramei nenhuma lágrima, não sei se agora as coisas estão de cabeça para baixo ou se só estão se ajeitando no lugar a que pertencem. Assim sempre devia ter sido. Eu quase posso falar a minha vida é que grita. Odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeira companhia.

Eu acreditava que o importante é ter amigos e histórias pra contar, histórias eu posso inventar. Amigos eu tenho, poucos, mas amigos.
Os que correram comigo continuam do meu lado, costumo chamá-los de pais. Quando o vilão é você mesmo tudo se torna mais divertido, a falsidade é tão repugnante quanto essas pessoas que um dia eu amei que um dia eu fiz planos, que um dia eu acreditei. E eu sou mais repugnantes que eles.
Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato. O porem é que não é qualquer um que deixo chegar perto ou que consegue sentir.
Descobri a amizade em pessoas que até então eu só pensava que existia e me sinto muito tola por não ter percebido antes quem realmente estava do meu lado. Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles. A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor. Eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências. A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar. Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure.
Mas, isso não os impede de pegarem um ônibus, avião, barquinho, bicicleta, carona de algum psicopata desconhecido ou o que seja para vir me abraçar. Aceito telefonemas e cartas também. Mas só uma coisa eu exijo, o fato de vocês sorrirem porque existe alguém que agradece todo dia por te ter na vida.
A distancia não existe quando se ta perto por uma união/ligação de alma, estrelar ou simplesmente por estar junto. A distancia desaparece quando tenho a certeza que se morrer hoje, haverá pessoas que derramaram uma lágrima.

2 comentários :

Gabi disse...

Eu entendo de saudades. Já morei um tempo fora do Brasil, morria de saudades daqui e dos meus amigos, familiares... Ai quando voltei, morria de saudades do pessoal do outro país!

Maas... "Quem foi que disse que pra tá junto precisa tá perto?" (8)

Obrigada pelo elogio viu! (:

S disse...

Caso vá matar esse infeliz, deixe que pelo menos eu o chute ok?!

Eu estava justamente pensando em ir passar as férias por esse cantos, estava vendo as passagens de aviao mas admito que gostei mais da idéia da carona com o psicopata! *.*

Nietzsche tinha razao mesmo, voce tem razao, prefiro a ausencia de um inteiro do que a companhia de uma metade!