Tento achar em mim um lugar para o mundo, não sei obedecer ao relógio e não faço sala para as expectativas. Andam me dizendo que eu preciso ir mais rápido, que essa lerdeza emocional não me fará encontrar alguém disposto a me dar flores. Tudo bem, sou alérgica.
Peguei o trem na estação das dores* sem pensar duas vezes, não tinha muito nos bolsos, - será que dá para pagar com lágrimas?- no entanto, minha ida estava garantida. Voltar é um verbo que não me preocupa agora. Só não abro mão de me sentar na janela, senhor.
Sei que vão sentir minha falta, mas sempre me procuram no lugar errado. Esconder-me é fácil demais, vivo assim há 20 anos. Sou esconderijo para tudo que sinto.
O segundo vagão estava quase cheio, tento deixar meus olhos discretos, a falta de tamanho em minhas pernas foi compensada pelo tamanho do meu olhar. Vejo grande, pra ver bonito.
- Esse lugar está vago, senhorita? – O homem aparentemente sem graça tinha cheiro de poeta, não que eu já tenha conhecido um poeta, mas já li muito. É quase a mesma coisa.
A viagem poderia ser longa, companhia conserta o tempo.
- Está sim, sente aqui comigo. – Completei em pensamentos: Em ambos os sentidos.
* Apelido pessoal, porque aquele chão engolia choros que não o pertenciam. Despedidas são pedidos para ficar.
— Rascunho de Paisagem.
5 comentários :
Luara e esse dom incrível com as palavras. A cada postagem aqui me surpreendo mais.
Parabéns, parabéns e parabéns.
Beijo doce.
Paulinha.
essa sou eu, sempre de partida, partida.
"Vejo grande, pra ver bonito."
Vejo em você uma excelente escritora, adorei aqui, te sigo!
Beijos, beijos ;*
"Sei que vão sentir minha falta, mas sempre me procuram no lugar errado. Esconder-me é fácil demais, vivo assim há 20 anos. Sou esconderijo para tudo que sinto."
É tão maravilhoso ler algo escrito por você, em que parece que foi escrito pra mim mesma. É e tão bom sentir com você.
Mandaaaaando sempree mto bem!!!
Parabenss!!
http://www.luismacedo.com/
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