Você volta para não ficar, sabe
que seremos despedida e ainda assim fica plantado na minha porta. Então, você
espera que eu diga tão alto para os vizinhos ouvirem: entra, fique a vontade.
Não repara em toda essa bagunça que você deixou. Senta, quer um café? Sei,
amargo, sei, aqueles biscoitos ainda estão aí esperando por você...
E lá vem o amor me dilacerar
completamente, mais completamente do que eu poderia aguentar por uma vida, por
essa.
As palavras relacionamento e
felicidade não conferem com o que os dicionários dizem, pelo menos não para
nós. E se sobrar algum tempo, a gente ainda trata de refazer promessas, de
tentar dar um jeitinho no que nunca conseguimos acabar – ou começar.
Eu continuo no final da fila,
sofro precocemente por tudo que já sofri por você. As tuas voltas só significam
que não há lugar para mim ao seu lado, nem para trocar as músicas do teu rádio,
nem para decidir o teu corte de cabelo. O seu super poder é conseguir ter
qualquer relacionamento desde que não seja comigo, sua arma secreta é conseguir
contornar isso e fazer meu coração pulsar mesmo depois do óbito sentimental.
Na tentativa de te ignorar, meus vícios
se dobram. Passo a noite pesquisando rotas pelo mundo, um lugar em que fosse
capaz de me esconder para que no dia que você voltasse – de novo- encontrasse a
casa vazia, o mesmo vazio que você deixou na minha vida. Mas, a beleza do mundo
não substitui a graça do teu sorriso, o milagre que a tua barba faz em minhas
vértebras cansadas por amar quem não me ama o suficiente.
Quando percebo a sua aproximação
fica impossível reduzir as esperanças, elas soltam das gavetas, sobem nas mesas
e começam a se despir. Minha alegria tem teu nome e a minha tristeza também. Tenho
a paranoia de admitir que você me faz bem, a única expectativa que eu gosto; a
única que aceito. Não chegamos nem a ter diferenças ou detalhes, plano de saúde
nenhum cobriria a minha espera por ti.
Te amar foi algo que aprendi sem
direito a desertar.
2 comentários :
Prefeito, tuas palavras são lindas tua delicadeza encanta
Até que ponto nosso bem é nossa dor.
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