29 dezembro, 2009

Apatia

- Você poderia se esforçar para ser simpatica comigo, sabe?
- Me esforçar?
- É. Não doe. - ele disse num tom brincalhão.
- Não é esse o problema.
- Então, qual é?
- É complicado.
- Você não gosta de mim.
- Não. - ele cravou seus olhos no meu. - Não é isso. A questão é: eu não gosto do que você me faz sentir.

22 dezembro, 2009

Entrelinhas

Escrevo para remover de mim o excesso de culpa, e suprir a falta de coragem. Para agregar ao meu redor os que me querem bem, e afugentar aqueles que me querem morta. Para terminar frases que muitos não conseguem, e para começar sentenças que signifiquem algo para mim. Para quem eu amo, e para quem eu odeio. E é com os olhos nos olhos, com a garganta em chamas.

E assim o farei, até que me esgote a alma. Digo entrelinhas o que não sou capaz de gritar, muitas vezes precisamos abdicar agora da nossa vontade, para não se arrepender depois do que poderíamos ter feito. Aprendi que muitas vezes o errado agora pode ser o certo no futuro, aprendi a não confiar nas pessoas, faz muito pouco tempo aprendi a aceitar que quem é dono da verdade não é dono de ninguém. Só não se esqueça que atrás do veneno das palavras sobra só o desespero de ver tudo mudar, talvez até porque ninguém mude por você...

Aprenda que apreciar os momentos bons é vivê-los a cada dia e perceber que eles são as recordações mais ternas, com a distância tudo se torna muito mais eterno e minhas palavras ganham algum lugar nesse mundano. Acho que estou vagando no mundo para fazer divagações filosóficas. .

E que elas serão meu único vestígio.

18 dezembro, 2009

Ponteiros

- Que horas você vai estar aqui?
- Depende dos meus pés.
- Você vai correr?
- Voar.

- Se você vem, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz!

15 dezembro, 2009

Propaganda enganosa

Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
É assim, com esse clima de frustração, que muitas vezes nos deparamos com pessoas que nos dão uma imagem completamente oposta ao conteúdo. Não estou falando de pequenas frustrações, tipo aquelas de amigos que não correspondem ás nossas expectativas, e sim de algo bem mais profundo, de uma falsidade ideológica, de uma profunda distorção de caráter.

É, pessoas.

08 dezembro, 2009

Extinção

Legal, eu resolvo achar algum lado bom nisso. Cada decepção é uma ilusão a menos para eu carregar. De fato, deveria me sentir mais aliviada. Tudo bem, nem todos podem ter uma grande desgraça. Meu corpo está extinto, e no mais tudo se resume a um ansioso olhar.

Ando no escuro para tocar onde não devo. Amor é tocar onde não se deve. E continua a doer mesmo com as luzes apagadas. Eu parei de esconder aquelas coisas de mim mesma. O meu senso critico e talvez meu instinto de sobrevivencia as jogou em alguma gaveta, embaixo de um monte de tralhas, mas a minha emoção não consegue esquece-las. Aquelas coisas que despertam o coração e instantes depois fazem ele mudar de lugar. Chega na garganta. Foge pelos olhos.

Se as coisas são inatingiveis, não é motivo para não quere-las, certo? Viver poderia ser bem menos complicado e dolorido. Mas, para tudo dá-se um jeito e aprendi também a ir embora, em silêncio, carregando alguma forma de amar. E no fim de tudo, ele é simplesmente a melhor coisa que nunca me aconteceu.

04 dezembro, 2009

Oferta e procura

- Vender a alma não é nada. Difícil é aplicar o dinheiro depois.
- Vai juntando e compra um pouco de dignidade.

27 novembro, 2009

Ao meu lado está a distância

Falo baixo a troco segredos com o nada. Sinto ainda muito aberto os ferimentos que aquele choque com o mundo me causou. E isso se intitula de amor – este sentimento que me leva ao fim de tudo. Talvez porque a distancia alimenta os sonhos.

Ele falava muito alto que me amava, mas de repente ficou mudo.
No me quarto, vencida pela dor, sobre a cama abafando soluções que não desejava que o resto do mundo escutasse. Tentando entender as desculpas de pó que ele jogou em cima de mim. Fracassei.
Houvesse ele chegado a mim um minuto antes, ou um depois, e tudo teria sido diferente. Ou não.

Mexia-me como se andasse entre cacos de vidro. Todo o ‘descartável’ amor que ele havia me oferecido nem para reciclagem serviu. Como alguém pode dormir amando e acordar sem se importar com uma única lágrima sua? – É.
Fui andando devagar até a beira do abismo. Porque comigo o amor não funciona assim. Quando eu amo, eu amo. Poxa! E sei que não fiz nada de errado para ele escolher ir, talvez eu tenha feito tudo correto até demais. Só errei na pessoa. E não consigo aceitar isso. Porque mesmo ele sendo o errado eu ainda o amo. – É, leitor. Isso eu chamo de amor verdadeiro. Ou você pode me intitular de IDIOTA. – E de algum jeito vou continuar amando. Porque certas saudades são impossíveis de se esquecer. Predomina, entretanto, em meio a esse baralhar de emoções, o sentimento de perda.




“Conservar algo que possa recordar-te
Seria admitir que
Pudesse esquecer-te.”

William Shakespeare.

24 novembro, 2009

Rua

Eu sei que se você estivesse aqui, teria ido para minha casa, deixado suas coisas no meu quarto.
Não ia se importar de ficar deitado na minha cama, respirando por lá enquanto eu arrumasse a flor
no meu cabelo e vestisse o meu melhor sorriso que vc trouxe dentro do seu bolso, e você talvez ia
perdendo a paciência por eu não parar quieta, talvez voce me prendesse em seus braços.
Talvez você so ficaria irritado por eu estar te atrasando para a sua pescaria noturna - fico apaixonada toda vez que você pesca uma estrela.
Se você estivesse aqui, eu não teria passado em um lugar para jantar, nao ficaria lendo as paredes do metrô,
voce mudaria meus planos em silencio. Eu atravessaria a rua.
E se eu te falar que não consigo explicar os sentimentos, porque se as coisas forem acontecer, terão o movimento do acaso. Tem horas, como agora, que queria me desculpar por não poder me entregar.
Queria deixar a minha história nas suas mãos e, te deixar, livre, para mudar tudo de lugar.
Talvez pudesse resolver todas as incertezas por decreto. A partir do momento agora, esqueceria de uma vez por todas, como é bom me sentir em paz ao seu lado. Como o seu sorriso pode iluminar qualquer lugar e as minhas dúvidas, de repente, virão certezas irredutíveis. Cansada de procurar verdade em tanto lugares errados,
fico com a inércia, embora saiba que não me satisfaz apenas continuar.

Então saio por aí, como se não houvesse um amanha, conheço pessoas que não me interessam em nada.
Arrumo o passado que tanto já me incomodou e, percebo como o tempo pode ser um bom remédio. Faço tudo para fugir do que finjo nao sentir, tudo que ficou subtendido em frases pela metade.
Sem você aqui, as incertezas são maiores e, a palavra saudades faz mais sentido. E eu nao aceito a idéia de que
mesmo perto, sabemos que longe é mais seguro.

20 novembro, 2009

13 novembro, 2009

Saudade habita sala e coração

Toda noite de insônia eu penso em te escrever.
Toda vez que toca o telefone, eu penso que é você.
Fico em casa na esperança que me visite.
Não corto o cabelo para que você possa me reconhecer.

Toda noite varro o céu, e a lua me traz pedaços seus.
Toda vez que respiro sinto que seu lugar está vazio.
Fico acordada para tentar entender, tentar te esquecer.
Não tomo banho para não sair de mim o seu cheiro.

Toda noite ando pelas bordas da casa simulando aquele dia.
Toda vez caio ao chão, com raiva de ter te dado meu coração.
Fico ali, lembranças que são úlceras incuráveis de minha memória.
Não posso chorar, porque não sei se habito ainda em mim.

Toda noite deixo para trás mais um dia sem você.
Toda vez que percebo isso, morro.
Fico esperando, e não me convenço do agora.
Não quero mais essa sala, nem esse coração.

A mim o que me deu foi pena.

10 novembro, 2009

Cronômetro

Fato: meu dia deveria ter 32 horas.
Bem, talvez eu deva, simplesmente, beber bem mais café.

03 novembro, 2009

Não facilite com a palavra amor

Sabe o que é o pior de ter o coração partido?...É não se lembrar de como você se sentia antes. Tente manter esse sentimento. Porque se ele for embora, nunca volta.
- O que acontece, então?
- Você vira um peso morto para o mundo e para tudo que há nele.

27 outubro, 2009

Irracional

Não sei se em algum momento ele chegou a me ver como outra pessoa, ou o tempo todo como uma possibilidade de resolver sua carencia. Um possibilidade da qual precisava devorar e destruir.
Dá um certo trabalho tentar apaziguar todas essas emoções contraditórias, enfim, me ocorre agora, nem você nem eu somos descartáveis.

E você fez de mim o que eu permiti, e hoje para que não me firam, minto. E tomo a providência cuidadosa de eu mesma me ferir, sem prestar atenção se estou ferindo o outro também. Uma pressa, uma urgência. E uma compulsão horrível de quebrar imediatamente qualquer relação bonita que mal comece a acontecer. Porque o bonito custa caro.

Jogo sobre mim tantas incertezas, tanta coisa travada, tanto medo de rejeição, tanta dor. Difícil explicar. Muitas coisas duras por dentro.
E então chega o dia em que vou poder pensar em voce sem sentir dor: ah, então foi pra ele que eu dei meu coração e tanto sofri? Amor é falta de QI, tenho cada vez mais certeza.

13 outubro, 2009

Depois de amanhã

Você já esperou muito por um dia? Aquela vontade de acelerar o tempo e lutar com o sono para dormir e acordar no momento certo. Contar as frações das horas e se perder nesse calculo desgraçado por não conseguir prestar atenção em mais nada, a não ser no ensaio, no que voce fará quando o dia chegar. E quando finalmente esse dia chega, ele não é nem um esboço do que voce sonhava - decepção. Então vem a dor.
Eu vivo esse mesmo dia há 18 anos.

É, eu sei.

06 outubro, 2009

Psicologia barata

- Filha, posso entrar?
- Não! – mães ignoram respostas obvias.
- Eu marquei uma consulta com o psicólogo para você – sorriso medonho.
- Por que você acha que eu preciso disso?!
- Ué, porque você vive quieta, pelos cantos, fugindo de tudo e de todos, de mau humor e soltando suas piadinhas malvadas...
- Piadinhas irônicas mãe, e isso não faz mal ok?
- Mas, eu como sua mãe quero o seu bem e ...
- Não, não e não!
- Se você for eu te dou três livros.
- Fechado!




- Laura Quaresma? – som de grilos – Laura Quaresma sua vez.
...
- Laura, não é você?
- Não, me chamo Luara.
- Ok, Lauara, pode passar.
- É Luara!
- Desculpe, Luana é su...
- Qual parte do Luara, você não entendeu?
- Hã? Eu já entendi Lara. O doutor está te esperando.
Respirei fundo e soletrei como se estivesse falando com meu primo de quatro anos – LU-A-RA! Você é doente por acaso?
- Pente?!
- Se você errar mais uma vez meu nome juro que alem de surda se fica muda e cega! – Levantei e fui em direção a porta.
- Última sala à esquerda, Maíra.

E essas foram suas últimas palavras. É, eu sei.
Alguma dica de livro? – ignore meu sorriso diabólico.

28 setembro, 2009

Escombros

Eu não confio em mim. Não posso. Meus sentimentos são totalmente desleais comigo. Quando eu consigo esconder aquelas insuportaveis e sensiveis memorias que me fazem mortal, surge em minha cabeça a certeza de um fim que não foi feliz. Então, sinto aquelas feridas que se lembram de doer. E prefiro guardar as lágrimas para um domingo longe daqui.

Um coração machucado não se recolhe na hora. Meus suspiros tentam encerrar, e no fim se tornam apenas evasivos. Minha lingua recolhe minhas lágrimas, meu rosto do avesso. Engulo o gosto ruim da ausencia, como um remedio do qual deve me curar. E no entanto o que sinto é o desgosto da falta do beijo.
Estou exausta de construir e demolir fantasias. Não quero mais me encantar com ninguem, obrigada. Meu coração ta ferido de amar errado.

As lembranças são nada. E esse nada é aspero. Então penso: se ele tivesse ficado, teria sido diferente? - Provavelmente o tempo de saldo so serviria para adiar a dor de meus pedaços.
Acontece é que eu não estava preparada para desamar, muito menos para aprender. E toda essa coisa apertada aqui no meu peito, um sufoco, um peso, uma sede, uma falta, é a cicatriz deixada, uma ferida que se mede exatamente pela dor que provocou, e sinto que ela lentamente se perde. Meu corpo cessou a dor, embora eu sinta ela latejar como louca nos dias de chuva. E de nada resolve toca-la com seus dedos frios, a tua mão não chegara até meu coração. E tudo porque eu tive tanto amor um dia.

25 setembro, 2009

22 setembro, 2009

Is soo late

I tried to say, but only the whisper of my heart could explain everything. Did you feel it? 'Cause I don't.

04 setembro, 2009

28 agosto, 2009

Aqui, ali, e em qualquer lugar

Na maior parte do tempo eu não me divirto muito. O resto do tempo eu não me divirto nada. Pouca coisa me chama atenção, definir o que fazer do meu tempo me cansa. O mundo não me interessa, não quero saber do resto da humanidade. Preciso de espaço. Espaço para mim. Espaço para nada. Esse mesmo mundo divide-se em pessoas boas e pessoas más. As pessoas boas têm um sono tranqüilo. As pessoas más aproveitam bem mais as horas em que estão acordadas. Logo, creio que se divertem.

Nasci adorável, encantadora e pura de coração. Aí fui civilizada. Quanto mais o tempo passa, mais tenho coragem de dizer a verdade e melhores ficam as minhas mentiras, e me encaixo no conceito de pessoa. Por livre espontânea pressão.
A vida em mim é tão insistente que se me partirem, os pedaços continuarão estremecendo e se mexendo.

E me esgoto de explicações toda vez que encontro alguém que tenta me mostrar o quanto eu tenho que mudar para ser feliz. O quanto eu ainda tenho que fazer. Querem que eu aceite que há um motivo para tudo isso, para minha dor, manias e afins.

Aqui, ali ou em qualquer lugar eu sei que somos sozinhos. Não passamos de uma piada de mau gosto de Deus e se você duvidar conte a Ele seus planos, isso o fará dar risadas.
Contudo, não me importo com o que deveria, não faz diferença. Sem rancor, sem relação, sem desculpas. Meu único arrependimento da vida é o de não ser outra pessoa.



Obs: Se eu tocar Debussy baixinho, será que Deus me escuta?

25 agosto, 2009

21 agosto, 2009

Óbito

Quando o medo de existir chegar, tenha sempre um revolver por perto. Vai morrer todo mundo abraçadinho.

18 agosto, 2009

Bagatela

Minhas angustias de conduta são fúteis, cada vez mais fúteis, infinitamente fúteis. Se o outro ocasionalmente ou negligentemente, me dá o número do seu telefone fico logo afobada: devo ou não devo lhe telefonar? Seria um convite discreto para fazer uso dele imediatamente, por prazer, ou apenas caso fosse preciso, por necessidade?
Ás vezes me cansa de tanto deliberar sobre "nada".

11 agosto, 2009

Tudo são hipóteses

Há pessoas que parecem nascer errado, e eu sou uma delas. Não tenho que argumentar tal fato para que você concorde comigo, basta encarar minhas palavras.

Deixei me rechearem de angustias, mas há quem lê e diz que isso acrescenta a intensidade em minha escrita que buscam. Já eu percebo em minhas palavras uma benevolente ironia, no fundo dessa ironia se esconde, contudo, uma indisfarçável tristeza. Então, culpo a tudo e a todos. E todos sabem que sofro de excesso. Escrevo ora devagar, ora depressa, conforme meus sentimentos atropelam meus pensamentos.


Eu esqueci de mim, me escondo nesses parágrafos. Acanhada, repeli o relógio: meus escritos são fracos, não prestam! – Assim como eu.
Uma dor que se dissimula sempre doe mais, mas ouvi dizer que pode se vender mais também. Como não posso comercializar em frascos o que sinto, escrevo. E você lê. Ou não. Patético do mesmo jeito.
Meus olhos embotados de cimento e lágrimas pescam as letras, eu sou a que no mundo anda perdida, não moro em parte nenhuma e além das palavras nada me pertence. Ao mesmo tempo em que corro, atiro pedras para trás. Se eu acerto alguém? Há, isso são só hipóteses.

- Por que faço eu tudo o que não queria? – Sobre isto digo coisas que não importa dizer aqui. Cuidado, ai vem uma pedra. Ou mais algumas palavras. Hipóteses.

07 agosto, 2009

04 agosto, 2009

Poucas coisas

Não foi como eu pensei
As coisas estão distantes
Deito na cama e sinto frio e calor
Não posso mais sentir o que sinto
Diga o que voce precisa dizer

Eu caminho de cabeça para baixo pelas ruas alagadas
Eu tenho pedaços seus em meus bolsos
Não me importo para onde tudo isso vai me levar
Tudo o que eu queria é poder te abraçar
Encontrar-te de novo, perdido por aí

Como tudo pode ter acabado assim?
As coisas estão quebradas pelo chão
E está tudo acabado
Voce me fez ficar assim
Apenas seus suspiros e um pouco mais de tempo
Traria toda minha razão de volta

Poucas coisas restou, entre elas meu amor.

02 agosto, 2009

Almofadas de saudade

Eu sinto que a minha vida é uma pequena e limitada amostra grátis, ela me parece pouca e nada basta. Eu realmente não esperava me sentir tão assim. Eu poderia ficar o dia inteiro sem respirar, a dor já suportável. Sabe, é até engraçado. Tudo continua a mesma coisa, a mesma falta de algo que nunca tive - posso até mudar o corte de cabelo, trocar as gavetas de lugar, responder as cartas que nunca recebi ou quem sabe ler as piadas que saem na contra capa do jornal -, por dentro o vazio continuará o mesmo.
Sinto-me tão só, tão apagada. E eu gosto tanto dessa solidão, mas eu queria que uma mão qualquer me puxasse e me forçasse a viver. E só, só isso. E agora estou me refugiando, em uma das coisas que sempre evito, apertar o grande botão. Televisão, eu não suporto tanto, e agora, a única coisa que consegue me fazer rir seriamente.

As coisas estão estranhas e nada parece se encaixar, eu me sinto distante, mas faz algum tempo que eu não apenas me sinto só, mas não sinto nada. Ando pela casa, ouço sons, leio, canto e rio, mas me sinto longe, avoada, fora do ritmo da sociedade. Se eu morresse agora, não faria diferença, não faria diferença para mim. Tampouco viva em carne e osso aqui estou, morta e vaga internamente me sinto. Eu escravizo quem me resta, e não me importo com nada a não ser pelo fato de não me importar. É tudo frágil e largo, tudo monótono e adorável. E só o que me basta e uma boa noite de sono, mesmo com a insônia dos meus devaneios, duráveis três horas sonhando com os olhos abertos, dormir é a melhor parte de existir. Fechar os olhos, não ver, ouvir ou sentir. Sumir do mundo. A dor que envolveu todas as dores que eu já senti.

Quando tudo isso acabar, vai sobrar apenas um corpo mole jogado no sofá, um pensamento acabado, um olhar distraído, um coração abandonado.

31 julho, 2009

Homens-bomba

- Por que será que existem guerras?
- É porque o universo surgiu sem o homem e vai acabar sem ele.

28 julho, 2009

Acepção e decepção

"É nisso que dá ter uma 'queda por alguém'...
... Sempre dói no final. Por isso se chama queda." - Mandy.



Sempre confiei nos desenhos animados.

19 julho, 2009

Parte de mim


Eu não posso evitar que meus pensamentos escapem de mim a cada segundo, se pondo a minha frente e me enchendo de murros. Machucando-me, mas me fazendo sangrar só por dentro. Eu me pergunto se isso um dia irá a acabar.
Tento me abrigar no sono. A inconsciência não traz alívio completo da dor, só uma calma entorpecida, como se fosse um medicamento. A torna mais suportável. Mas ela ainda fica lá; eu estou consciente dela, mesmo adormecida. Isso simplesmente faz parte de mim agora.

Porque a presença da ausência dele ainda continua aqui, arranhando no meu peito, a dor disso é tão forte que eu mal posso respirar.




14 julho, 2009

Eu ainda preciso de nós

Quando você não está aqui sinto as cores desbotarem
As palavras ficam mudas
Eu sinto o mundo em minha pele
Quando você não está aqui a dor me visita
Sirvo chá pra melancolia
Sinto falta de sentir

Quando você não está aqui sinto uma vontade de não ter ido
É a mesma vontade de não querer voltar
O chão vira sabão
Quando você não está aqui eu me perco de mim
Dou a mão pra poltrona do sofá
Sinto a falta de sentir

Quando você não está aqui não sinto minhas asas
Procuro algo que nunca esteve ali, nem nunca estará
Quando você não está aqui o inverno é a unica estação definida
Tiro o fone do gancho para ver se não foi cortado
Deixo a luz da frente ligada
Sinto a falta de sentir

Quando você não está aqui, sinto sua falta. Mas, tudo bem.

10 julho, 2009

Quem dera

Amá-lo foi tão fácil, deixar de amá-lo é impossível.
O amor é isso: não podemos entender.

É o mesmo que falar das cores do prisma a um cego de nascença.

03 julho, 2009

Meus demônios

O tempo debocha de mim e a realidade me sacaneia, sou como um referencial para a solidão. Tudo em mim é ausencia.

Cansei de me perguntar por que você me fere com sua distancia e aguça minha dor com o silencio.
Meus demonios me pegam pelas mãos e me abandonam em delirios; sei que nada do que eu quero pode acontecer de verdade, embora tudo que me faz querer não seja de mentira.

Para alguém que não tem absolutamente nada, eu devo muito a mim mesma. Me encho de promessas e me esquartejo com o nunca mais.

Não desista de mim. Pronto, falei.

30 junho, 2009

Amanhecer

Todo dia antes de acordar eu esqueço um pedaço seu para praticar a memória.

19 junho, 2009

Funeral

Meus olhos já estão fracos demais. Desnutridos. Secos.
Sou uma só. E durei enquanto durou o amor. Na hora a gente nunca sabe nem pode mesmo saber, fica tudo natural como o dia que sucede à noite, como o sol, como a lua, como o ontem e o sempre, como ele e eu. Eu não pensava no fim como não pensava em respirar. Alguém por acaso fica atento ao ato de respirar? Fica, sim, mas quando a respiração se torna afiada feriando cada pedaço do peito, como uma tortura da qual só a morte pode salvar. Então dá aquela tristeza, puxa, eu respirava tão bem...

Caminho e ninguém percebe que eu me arrasto. Não sei por que essas coisas de doer acontecem com a gente, tudo deveria ser certo, permanecer certo quando existe o amor. Eu paro de andar e me encosto na parede, uma penumbra me acompanha, meu peito esquartejado. Minha voz falha. Lembrei-me então de tudo o que ele havia me dito. Não quero nem devo lembrar, só sei que em redor de tudo era silêncio e treva. E me sinto bem no meio dessa solidão. Porque a parte mais difícil do amor é quando você precisa matá-lo e lhe falta força.

Fiquei assim. Só em osso. Morri e esqueceram de me levar flores. Não seria possível permanecer viva sem coração. E de algum jeito eu sei que nunca vou conseguir descansar em paz, porque ele nunca mais vai voltar. Um funeral do amor, onde quem morreu fui eu.



Não venha me dizer que ninguém morre de amor, porque para mim isso é um prazer.

17 junho, 2009

Geografia

No meio de tudo ele.
É doloroso viver em um mundo que é circunspeto por alguém que nem sabe que você existe.

12 junho, 2009

Dia qualquer

- Você sabe que dia é hoje?
- É sexta - alivio.
- Sim, mas?
- Mas o quê? É mais um dia qualquer. - ele continuou com as mãos no bolso.
- Posso te perguntar uma coisa?
- Mais uma? - ele levantou uma sobrancelha num sorriso torto.
- Por que você nunca me mandou flores?
- Porque eu não gosto de você.

Tive a impressão de ver ela caindo morta no chão.



Um feliz dia dos namorados, porque a noite é dos solteiros. Ou não.

06 junho, 2009

Vacilos póstumos

Por algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo principio ou pelo fim. É preciso aprender a nos esquecer de nós mesmo para não doer tanto quando abrir os olhos. O meu pensamento, não tenho certeza se está em mim, ou em outra parte de você. Talvez eu só precisasse te contar meus segredos, parar de correr em círculos ou gritar o silêncio. O que eu preciso é te encontrar.

Na próxima vida vou escrever menor e mais depressa, para as lembranças poderem fugir. Muitas coisas se dizem que não deveriam ser ditas. Ninguém disse que seria fácil. Mas estas coisas subentendem-se e não se dizem por ociosas. Algumas delas faço de minhas palavras, com gosto de poema. Porém, meus versos é sangue. Eu escrevo como quem morre. Porque eu sei que mesmo depois de tudo, algum dia ele encontrará aqui todas as coisas que não tive tempo de lhe dizer. Por falta de presença e por excesso de ausências. Há quem diga que foi de amor.

Sei que as pessoas não levam flores, mas pedras. Calado, me diga se devo ir embora. E se o mundo tiver razão, o problema é meu. Porque afinal este mundo tal como está, me faz pensar em largá-lo.
E com todos esses vacilos de alguém que viu tudo se transformar em cacos, afirmo que aprendi que não existem mortes, mas a vida que sai de dentro da vida. O amor que não morre, mas adormece. E apesar de todo o esforço do homem, ele nunca encontrará a morte absoluta. A não ser que deixe de amar.

02 junho, 2009

Distanasia

Distância é o pretexto que me impede de realizar sonhos, a desculpa que me faz viver além de uma realidade, o motivo que tira meu sono, a culpada por todas minhas dores. O que está me matando.

29 maio, 2009

Carne viva

Para a agonia não há distrações, cada segundo é uma tortura da saudade. Até então, pensei que escrevia para me esvaziar. Muito pelo contrário, a verdade é que escrevo para preencher todo esse vago dentro de mim. Uma dor constante. Posso até permanecer em pé, mas nunca curada.
Entenda, não como se meu coração houvesse parado de bater. É diferente... É como se meu coração não estivesse mais aqui. Como se eu tivesse deixado com ele tudo o que havia dentro. Não consigo respirar por muito tempo.

Não há como amar e ser feliz ao mesmo tempo. As lembranças são como uma torneira pingando no fundo da minha mente que eu não consigo fechar nem ignorar. Pinga, pinga, pinga.
Assim, embora eu não demonstre de forma verbalizada essa dor, às vezes minha frustração e minha angústia entram em ebulição e escapam pelos meus olhos. O nó em minha garganta me estrangula.
Não existe subterfúgio no que sinto, talvez por não me sentir mais.
Os esforços hercúleos que existe por trás de todos os meus simples gestos, passam despercebidos. O que é bastante útil quando você quer fugir do resto do mundo.

Quando estou em contato com o ar sinto minha pele em carne viva. Feridas que não cicatrizam e que não me deixam em paz. Ouvi dizer que tudo isso é conseqüência do amor. Que ele é uma sina. Meu destino me abandonou, me deixando a deriva de tudo que mais temia, me deixando sozinha. Sinto a ausência e percebo que a saudade é solidão acompanhada, é quando o amor não foi embora, mas quem se ama já.

26 maio, 2009

Sobre isso não há discussão

Um dia ele me disse: você ama rejeitando, abraça se afastando, sorri se escondendo e afirma perguntando.

19 maio, 2009

Necessidade ignorada

- Você tem um cigarro?
- Estou tentando parar de fumar.
- Eu também, mas queria uma coisa nas mãos agora.
- Você tem uma coisa nas mãos agora.
- Eu?
- Eu.

Caio Fernando.

Amo anonimos.

13 maio, 2009

Errei por distração

Acordei cansada, por não ter (dor)mido. O que vejo são lembranças em todos os cantos e eu ao chão, o apalpando em lágrimas tentando pega-las, tudo deixou em mim saudade. Não consigo esquecer do nome dele, nem do que ele me fez sentir – talvez seja parte de seu plano.

Por em evidencia tudo o que eu sentia, só serviu para diagnosticar essa moléstia, os sintomas foram eu ter acreditado, ter sonhado, planejado, amado. A dor no antes e no depois. Um depois do qual sofro sozinha. Eu, o silêncio e a solidão éramos quem estava ali. E não há medicamentos, meu corpo sem coração já nem reage mais a morfina do sono, meus olhos se fecham, mas só servem para me lembrar do rosto dele. Meu corpo não descansa, mas meus lábios ainda sorrirem quando o escuro me traz o cheiro dele.
Não há tratamento especifico para essa minha dor, não há tempo para preencher esse vazio. Limpe as lágrimas em seu rosto, leitor.

Ele foi um tímido, um frouxo, um covarde, um desgraçado... o amor da minha vida. E o amor é incomensurável, fato que me deixa atônita. Ele me atraia irresistivelmente como o imã atraia o ferro. Eu o curei, e ele me deixou no leito. Ele foi embora, e eu não chorei. Sangrei.
O meu erro foi ter me exposto a tal patologia, por distração eu amei. Embora, o corpo precise passar pela dor uma vez, para que não haja próximas, se tornando imune e nos livrando de recaídas. Só sei que essa dor é crônica, e involuntariamente estou matando a mim mesma.
As tuas saudades ficam onde deixas o coração.

Quando a cólera ou o amor nos visita, a razão se despede. E você culpara a distração por todos os sintomas. Acho que adoeci disso, da beleza das palavras dele, da doçura da sua voz, dos dias que imaginei com ele, das músicas que sentiam por nós, da contagem dos dias que faltavam, da intensidade das coisas, do AMOR.

11 maio, 2009

Pelas cordas do violão

- Você é meu anjo! – eu podia o sentir e não passou pela minha cabeça contrariá-lo. O Martim em mutualismo com a voz dele era responsável por parte dos momentos da nossa eternidade.

08 maio, 2009

Embaixo do travesseiro

Não importa o dia que escrevi, nem o dia que ele leu. O que importa é que minhas palavras estavam nas mãos dele.
Não deveria ser tão difícil escrever pra ele. Mas, as palavras se tornam apertadas. Sei que agora não passo de carne, saudade e silêncio.

Encontro nele pedaços de mim que estavam perdidos, entretanto não quero nenhum deles de volta. Pertencer a ele de alguma maneira torna mais concreta a superfície por de baixo dos meus pés.
Queria poder dar-lhe muito mais que palavras, mais que meu perfume, mais que uma carta.
Receio que só escrevi confissões desnecessárias – nada que ele finja não saber-, o verdadeiro propósito era impregnar meu cheiro entre seus dedos e embaixo do seu travesseiro.

Decidi não vê-lo pelo simples fato de que iria confirmar tudo o que a pulsação que sinto embaixo da minha pele me diz quando penso nele. E não acho isso nada justo. Ele me disse que a vida não era justa. Eu sabia que esse caminho que escolhi seria difícil. E, afinal, eu estava pensando na cena do pior que poderia acontecer - a pior coisa que eu poderia viver: apaixonar-me.
E não poderei saber nada de mais absoluto sobre ele, a não ser ele próprio – reconheço sua respiração -, a maneira mais absoluta de aceitar alguém ou alguma coisa seria justamente não falar, não perguntar - mas ver. Em silêncio. Talvez se eu o visse, de longe, sem tocá-lo, seria muito mais fácil voltar pelo caminho de onde vim. E a todo o momento eu sinto que deveria pedir para ele me olhar.

Não sei se ele leu a carta até o fim, ou se significou alguma coisa para ele. Eu disse o que sentia, ele faz o que entendeu. Simples assim. Agora, só queria que ele colocasse minhas palavras perfumadas embaixo do seu travesseiro, que nada mais é que meu meio de transporte para encontrá-lo.

05 maio, 2009

Mentiras, sempre mentiras

Carregando a dor de ver o que nem começou próximo de ter um fim.





"Amanheci em cólera. Não, não, o mundo não me agrada. A maioria das pessoas estão mortas e não sabem, ou estão vivas com charlatanismo. E o amor, em vez de dar, exige. E quem gosta de nós quer que sejamos alguma coisa de que eles precisam. Mentir dá remorso. E não mentir é um dom que o mundo não merece..."
Clarice L.

28 abril, 2009

24 abril, 2009

Pedaços de qualquer lugar

Respiro o ar que sustenta o mundo, e meus olhos nada mais procuram. Embora eu possa senti-los se encherem de lágrimas.

14 abril, 2009

O que é o amor?

- “Amor é quando seu cachorro lambe sua cara, mesmo depois que você deixa ele sozinho o dia inteiro". - Maria, 4 anos.

- “É sempre quando meu irmão me deixa ganhar no vídeo game e me chama de campeão!” – Arthur, 6 anos.

- “Acho que o amor é toda vez que minha mãe grita com meu pai e diz que ele não presta pra nada; e mesmo assim ele pega na mão dela pra dormir.” – Lucas, 6 anos.

- “Amor?... Hã, quando o Príncipe beija a Branca de Neve e eles vivem felizes para sempre.” – Samanta, 5 anos.

- “É quando eu tenho sonhos ruins à noite e minha mãe me deixa dormir com ela.” – Camila, 8 anos.

- “Escutei minha mãe dizer que amor é o que a Sra. Denise tem pelo Sr. José. Ele já ta bem velhinho e doente, mas a Sra. Denise não fica braba toda vez que o Sr. José esquece o nome dela.” – Jeniffer, 6 anos.

- “Amor é de comer?” – Felipe, 3 anos.

- “O amor é quando eu não fico com medo se meu pai se atrasa pra me pegar na escola, porque eu sei que ele vem.” – Douglas, 7 anos.

- “Amor começa com a letra A de amizade, né?” – Valesca, 7 anos.

- “É o que meu pai chama minha mãe, quando quer alguma coisa.” –
Tiago, 8 anos.

- “Minha vó sempre me dá sorvete com chocolate, mesmo quando minha mãe não deixa. Por isso eu amo ela.” – Sibele, 5 anos.

- “Minha professora disse que é o que os pais fazem para a gente poder nascer.” – Bianca, 7 anos.

- “Sou eu! Porque meu pai sempre me diz isso antes de eu ir dormir: ‘você é o amor da minha vida’.” – Fernanda, 6 anos.

- “Amor é o que faz as pessoas darem risadas.” – Marco, 9 anos.

- “Eu nunca vi. Mas, eu sei o que é.” – Bruno, 7 anos.

- “Amor não é como salgadinho, ele nunca acaba.” – Caio, 7 anos.

- “É quando minha irmã sai de casa sem minha mãe deixar, e mesmo assim ela espera acordada até à hora dela voltar e faz bolinhos pro café.” – Laila, 8 anos.

- “Amor é o que eu tenho pelo meu irmão, porque mesmo não vendo ele mais eu sei que ele me vê.” – Rubem, 9 anos.

- “É quando alguém lembra da sua cor preferida.” – Tamiris, 6 anos.

- “Amor é o motivo pelo qual vale a pena respirar.” – Luara, 18 anos.

03 abril, 2009

O que lembro, tenho

Eu jurei que jamais amaria outra pessoa na vida.
Aprisionei meu coração em uma cela.
Uma vítima da saudade.



31 março, 2009

Céu no chão

Não foi por ele ter ido embora
Mas, foi por não ter me levado junto.
Não foi por eu ter ficado
Mas, ele me abandonado.

O vazio que vem a noite
Nao se vai quando é dia.

24 março, 2009

Alguém para beber comigo

Balanço a cabeça para dizer que tudo não me interessa. Divido meus ossos com pensamentos, alguns pensam estar sempre certos, outros são quietos e irritados, outros, eles parecem tão legais, por dentro eles talvez se sintam tristes e errados. Porque os sentimentos vão dizer todo tipo de coisas que não significam nada pra mim, porque tudo que vejo é o que está na minha frente. Não me agarro a misérias emocionais.

Por vezes, quando reflito sobre as tremendas conseqüências das pequenas coisas, fico tentada a pensar que não há pequenas coisas. Já assisti tantas vezes meu coração ser estrangulado pelas outras pessoas – tão previsível -, só quero mudar de canal. Agora só confio no semáforo – embora minha crença não seja só no dinheiro, acredito também no Google.

Eu finjo ser feliz pra eu não ficar chateada comigo. E isso irrita demais as pessoas. Todas as manhãs eu deixo os sonhos na cama, acordo e ponho a roupa de viver. Todas as manhãs caminho vagarosamente para o mesmo lado que me levará para lugar nenhum, para ver ninguém E todas as manhãs imagino como serão as tardes, já sabendo a resposta, finjo ser feliz assim todas as manhãs E todas as manhãs eu espero pela noite, espera assim arduamente para voltar para meu quarto, e ser triste. É quando sento no chão, me sinto assim completa. Completamente triste, completamente vazia. Mas, completa. E quando tiro a roupa e ponho todo o meu corpo em baixo das cobertas quentes e sinto que começo a sonhar, é quando sorrio. Assim pra ninguém. Mas pra mim mesma. E não me olhe como se eu fosse uma estranha, eu só sou desconhecida – faz parte do meu charme -, estranho seria se as pessoas se amassem. Farei-me normal, e muito mais previsível que antes, porém sem deixar ou menosprezar qualquer afeto. Não respondo por mim, nem por ninguém. Além de meus atos, é claro. Diga-se de passagem, a insanidade ainda se encontra em minha mente. E espero que nada mude nesse meio tempo. Tudo bem, não sofra leitor. Compre uma garrafa de vodka e baba comigo.

Nossas vidas são superficiais. Por isto inventaram os remédios para dormir. Quando escrevo, repito o que já vivi antes. E para essa vida um léxico não é o suficiente. Mas, se não fosse pelo sentimento, seria por qualquer outra coisa. E não é o mundo que está triste, é você que exige demais. Se aqui existisse alegria, com certeza eu não seria feliz. Minha parte triste fica livre aqui, ocupando todo o espaço. A alegria utiliza o resto do mundo. Se ser feliz é algo parecido com isso, eu prefiro ser como eu sempre fui.Ou então é como o professor disse: "O cara é burro, isso por que ele foi o espermatozóide mais rápido, imagina se ele fosse o último? Não conseguiria andar e mascar chiclete ao mesmo tempo." – Imagina se ele beber vodka.




20 março, 2009

Funcionaria do mês

Sarcasmo não o único serviço que eu ofereço.
Eu até mudaria o mundo, se essa tarefa fosse bem remunerada.

17 março, 2009

Firme igual prego na areia

Depois saberei tudo - Não se sabe tudo, nunca se saberá tudo, mas há horas em que somos capazes de acreditar que sim, talvez porque nesse momento nada mais nos podia caber na alma, na consciência, na mente, naquilo que se queira chamar ao que nos vai fazendo mais ou menos humanos. Sei que tem alguma coisa fora do lugar em mim. Eu sou uma soma de todos os erros. Eu estou ancorada no nada, uma espécie de não-ser. E aceito isso. Eu estou longe de ser uma pessoa interessante. Não quero ser uma pessoa interessante, dá muito trabalho. Eu quero mesmo um espaço sossegado e obscuro pra viver a minha solidão. Enterrar-me na areia.

Há coisas que conhecemos, e coisas desconhecidas, e entre elas há as portas. O insuportável é que nada é insuportável, talvez não seja nem isso, eu tenho a certeza de que tudo pode ser chamado de indiferença. Comigo mesma, é claro. Se você é bom em antecipar a mente humana, nada fica por acaso. Meu sangue possui muita tinta e pouco analgésico.

Nem sempre vencer resolve, é preciso que os outros fracassem. Eu sempre soube disso.

06 março, 2009

Calmaria

Uma estranha sensação de calmaria, ou então, só seja a minha mente e meu corpo se acostumando e se acomodando com os fatos. Não que eu não queira essa calmaria, muitos diriam de um modo mais poético que seria uma “Calmaria antes da tempestade”, eu até que gosto desse termo, mas porque quero, temo.

Consigo tirar um sorriso meio torto junto com um calafrio de doer, mas não estou mencionando aquela sensação de frio causada pela exposição a um ambiente frio. Quero dizer daqueles calafrios emocionais, por dentro. Sabe, eu gosto dessa sensação, sentir que ainda tem algo dentro de mim.

Minha mente parece uma orquestra sinfônica sem harmonia alguma, onde não se da pra reconhecer o som de cada instrumento. É como os dias cinza que escondem o azul anil. Como máscaras que escondem e disfarçam os sorrisos que não mostraram em nenhum momento o que eu sentia.
Tempestade de sentimentos é um som misturando angústia, incertezas e quase certezas, dor e alívio, paz, a cada acorde tocado é uma sensação diferente é um calafrio por dentro, uma melodia triste.

Ah, os dias de chuva! Essa é a melodia, é o som que quando caem sobre o teto, e escorrem pelas janelas trazem uma felicidade desconhecida, que parecem se transformarem em um estado sólido e, assim preenchendo um espaço que antes era um vazio desocupado e frio.

“Você deveria se ajudar”. É o que me dizem, e acho justo, mas não sei se acostumaria com isso. Acho que desisti antes mesmo da Calmaria e da tempestade vir. No final, dói do mesmo jeito pra todo mundo. Você acorda, mas o problema não é sua cama, não é seu quarto, não é a sua casa, tudo parece em seu lugar, ou não. Mas e então, que diabos estou fazendo aqui?

"Fico pensando se viver não será sinônimo de perguntar. A gente se debate, busca, segura o fato com duas mãos sedentas e pensa: “Achei”! Achei!”, mas ele escorrega; se espatifa em mil pedaços, como um vaso de barro coberto apenas por uma leve camada de louça. A gente fica só, outra vez, e tem que começar do nada, correndo loucamente em busca dos outros vasos que vê. Cada um que surge parece o último. Mas todos são de barro, quebram-se antes que possamos reformular as perguntas. E começamos de novo, mais uma vez, dia após dia, ano após ano. Um dia a gente chega na frente do espelho e descobre: “Envelheci.” Então a busca termina. As perguntas calam no fundo da garganta, e vem a morte. Que talvez seja a grande resposta. A única” (Caio Fernando de Abreu).



Que venham as tempestades...



Texto escrito por Sarah N.C, muito obrigada por fazer parte disso.

24 fevereiro, 2009

Saída

- Já não me importa mais se ficar pior daqui pra frente.
- Ás vezes não basta não dizer nada. É preciso dizer adeus.
- Eu não gosto de despedidas. Eu quero ficar trancada e que a chave suma.
- E se a chave algum dia voltar pra mão dele?
- Às vezes mesmo quando você tem as chaves, as portas não podem ser abertas.
- E às vezes mesmo que a porta esteja aberta quem você procura não esta mais lá.

20 fevereiro, 2009

Viciada em saudade

- Por que é que você me pede tanta aspirina?
Não estou reclamando, embora isso custe dinheiro.

- É para eu não me doer.
- Como é que é? Hein? Você se dói?
- Eu me dôo o tempo todo.
- Aonde?
- Dentro, não sei explicar.

17 fevereiro, 2009

Migalhas

- Posso me sentar ao seu lado? – apesar dos cabelos brancos cor de farinha, da bengala de cumaru e do pacote de migalhas em sua mão vaga, ele não me pareceu um problema.
- Pode.
- Você quer me ajudar a dar comida pros passarinhos?
- Não.
- Há 83 anos vivo imaginando coisas.
- E como o senhor não foi ainda internado? – o seu sorriso provou que ele ignorou o meu sarcasmo. Ou a idade não permitiu que o entendesse.
- Se eu pudesse faria tudo de novo. Matava uns, criava outros, amava todos.
- Ok, porque o senhor esta me dizendo isso?
- Porque eu quero.
- Mas, eu só vim aqui pra tentar observar os pássaros pro meu trabalho de biologia, e não me leve a mal, mas o senhor deveria pagar para alguém fingir que se importa com suas palavras.
- Se eu não viesse aqui a mais de 60 anos provavelmente não teria os pássaros.
- Hum, por quê?

- Porque eles me esperam todo dia aqui. E eles não me pagam para alimentá-los.

10 fevereiro, 2009

Não tenho mais porque esperar

- Você ainda lembra de mim?
- Lembranças são escolhas.
- Se não lembra, passe anotar.
- Você não tem mais o direito de estar aqui.
- Eu sei. E eu tenho todas minhas certezas.
- Por que voce voltou?
- Eu não voltei. Só estou de passagem.
- Você não devia ter vindo.
- Se eu não viesse eu não estaria aqui. Faço parte de você ainda.
- Um coração pode se partir em dois e continuar batendo igual?
- Creio que sim. Senão eu não poderia ainda permanecer em sua mente...

Virei pro lado e adormeci.

06 fevereiro, 2009

Só vou me curar quando disser adeus

- Pare de fingir que você não se importa!
- Mas, eu me importo...
- Eu queria saber o que a gente é.
- Há coisas que é melhor não entender.
- O tempo vai gravar a sua voz em mim, pra toda vez que eu precisar lembrar de algum motivo pra sorrir.
- Cale a boca! Eu te odeio – uma única lágrima escapou de meus olhos -, odeio você e odeio tudo o que você me faz sentir.
- Não me odeie, eu já faço isso por nós dois.


03 fevereiro, 2009

Excesso de ausências

- Eu sinto tanto sua falta.
- Não, eu disse que você tem que me esquecer.
- Desculpa, eu não consegui.
- Eu não sou nada, eu não fui nada daquilo que você esperava.
- Conhecer uma pessoa de verdade nem sempre quer dizer decepcionar-se. – Podia sentir o gosto dele ainda.
- Guarda o melhor de mim. Só isso.
- Por que voce fez isso comigo? Com a gente?
- Prazer, inseguro.
- Covarde! – Minha vontade era de lhe arrancar a pele.
- De repente eu me tornei um estranho pra você.
- Separe tudo que for seu, leve minhas lágrimas. Voce sumirá de mim.
- Você já devia ter feito isso.
- Eu sei que em algum momento você irá se lembrar de mim.
- Desculpa! Desculpa! – ele não conseguia me encarar – Tudo vai passar...
- Eu não sei desculpar. – olhar avulso – Queria saber se você sente minha falta.
- Você nunca vai saber...
- Merda! Eu pensei que daria certo – todas as lágrimas escaparam como se estivessem esperando há tanto por esse carnaval. – Se algum dia você me querer em seus braços novamente, você sabe meu endereço.
- Se esse dia chegar você já terá percebido que eu não te mereço...


28 janeiro, 2009

Preposições

Para o amor não existe frações, se ama por inteiro, se vive por inteiro, doe por inteiro, perde por inteiro.
A espantosa realidade da ausência desperta em mim a consciência de um destino trágico – audiência -, e pensar que durante algum tempo perto da eternidade, nós juntamos o “você e o eu”. É que seu amor me partiu o peito.

Eu me sinto doente no coração. Não digo, ‘de’ pelo fato de não quere ser mal compreendida, prefiro ainda o rotulo de dominadora voluptuosa e sem amor ao próximo. Afinal, não sei bem o que me restou.
Não leve essa minha insensibilidade a sério.
Por mais realista que seja a dor em meu peito, tento pensar que ele só foi mais um lotário, e que ainda não chegou meu fim.
Na verdade gostaria que ele encontrasse todos os pedaços de mim dentro de alguma gaveta esquecida de seu quarto. Que ele não tivesse deixado de me amar, ou que ele nunca tivesse me amado, ou ainda que eu nunca tivesse acreditado – assinale a alternativa menos humilhante.

Como desejei poder encontrar o "nós" desaparecido! Mas parecia que o "nós" não estava apenas ausente. Estava morto. Os segundos viraram dias, os dias semanas, meses e agora lembranças. Inferno.
Supere isso e, se não puder supe­rar, supere o vício de falar a respeito. E se eu não quiser superar, eu não vou a nenhum lugar. A maior dor não é por ainda estar respirando, mas sim porque preciso deixar que ele saia de mim, expulsa-lo. Como ele fez. Afinal, estamos longe. Abandonar o passado é realmente um sacrifício tão doloroso quanto olhar pro lado e não vê-lo. Porque eu sei que se esquecê-lo estarei o perdendo para sempre.
Foi assim, meu amor todo para ele, por ele e com ele. O estrago entre minhas entranhas não me deixa dormir. E tudo porque não coube mais nada entre nós, nem as palavras. Porque o amor me cala.

23 janeiro, 2009

Xícara de café

Você sonha?
Primeiro é necessário conseguir dormir.

Algum vicio?
Evitar pessoas.

Uma mania?
Silêncio.

Uma palavra que resume sua pessoa?
Saudade.

Qual a primeira coisa que pensa ao acordar de manha?
Sobrevivi!

Em que momento do dia que é mais feliz?
Quando durmo.

Por que motivo chorou pela última vez?
Nunca choro, mas me esforço.

E por que motivo riu?
Frustração.

E se o mundo acabar amanhã, para quem ligaria?
Ele não vai.

Uma lembrança?
Estou com preguiça de lembrar.

Um livro?
Algum que ainda não li.

Um hábito que não abre mão?
Procurar desenhos em nuvens.

Qual pecado você comete com mais freqüência?
Todos.

Em que situação vale a pena mentir?
Para salvar a verdade.

Em que situação você perde a elegância?
Nunca a perco.

Um defeito fácil de perdoar?
Não sei perdoar.

Um gosto inusitado?
Dos meus pais.

Uma necessidade?
Livros.

Uma obrigação?
Respirar.

Uma revolta?
Com o tempo.


Um desejo?
Mais café, por favor.

20 janeiro, 2009

Que dia é hoje?

Não faz diferença se você vem amanhã ou não. Desisti de esperar por alguém cuja ausência me faz companhia.

09 janeiro, 2009

Estrelas

Não sou boa nem quero sê-la, contento-me em desprezar quase todos, odiar alguns, estimar o tempo e fingir que respiro. Minhas qualidades são meus defeitos. E meu único medo é pensar que um dia vou olhar pra trás e me arrepender de não ter levantado a voz para as pessoas certas. Ou por não ter lutado pelas pessoas certas. Ter amado um.
Já tenho uma coleção de sentimentos, embora não saiba para quê eles servem.

O que me tortura não é te ignorar, mas ter que ignorar o que eu ainda sinto. Saber que o pra sempre sempre acaba. E mesmo o filho da puta do Newton ter afirmado que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar, ainda me sinto preenchida por voce. Só por ter estado sob sua pele e escutado sua respiração, me senti a dona do mundo. E o universo é um completo estranho agora. E toda vez que eu olho pro céu eu vejo as mesmas estrelas que existia quando eu te tinha. Você se foi e elas continuam ali. Não é justo. Eu sinto você me toca à noite.

Um dos comportamentos mais comuns do ser humano é a mania de criar sofrimentos desnecessários. Maldita a seja! Não deveria ser tão difícil desamar para mim agora. Odeio a lei do ‘pra tudo tem sua primeira vez’, - talvez devesse beijar alguém legal, ou lamber uma pedra, ou ambos.

Quem finge morrer semanalmente por amor, provavelmente é mais louco do que quem faz isso pra valer. Talvez, se esperássemos menos dos outros, nos decepcionaríamos menos também. Mas às vezes quando gostamos muito de alguém, esquecemos que são humanos e insistimos em pensar que são perfeitos. E eu apostei todas minha fichas que você era perFEITO pra mim. Tudo culpa da Disney.
Quando sair faça favor de apagar as estrelas. Obrigada.

04 janeiro, 2009

Dezoito

Esperei de olhos abertos até a meia noite na expectativa de estar acordada no primeiro segundo de meus dezoito anos. Grande decepção, nada mudou. Continuo a mesma, porém agora posso ser presa. Alguém me da o Código Penal de aniversário?


" - Quando eu uso uma palavra - disse Humpty Dumpty num tom escarninho - ela significa exatamente aquilo que eu quero que signifique ...nem mais nem menos.
- A questão - ponderou Alice – é saber se o senhor pode fazer as palavras dizerem coisas diferentes.
- A questão - replicou Humpty Dumpty – é saber quem é que manda. É só isso."
Alice no país das maravilhas.