27 outubro, 2009

Irracional

Não sei se em algum momento ele chegou a me ver como outra pessoa, ou o tempo todo como uma possibilidade de resolver sua carencia. Um possibilidade da qual precisava devorar e destruir.
Dá um certo trabalho tentar apaziguar todas essas emoções contraditórias, enfim, me ocorre agora, nem você nem eu somos descartáveis.

E você fez de mim o que eu permiti, e hoje para que não me firam, minto. E tomo a providência cuidadosa de eu mesma me ferir, sem prestar atenção se estou ferindo o outro também. Uma pressa, uma urgência. E uma compulsão horrível de quebrar imediatamente qualquer relação bonita que mal comece a acontecer. Porque o bonito custa caro.

Jogo sobre mim tantas incertezas, tanta coisa travada, tanto medo de rejeição, tanta dor. Difícil explicar. Muitas coisas duras por dentro.
E então chega o dia em que vou poder pensar em voce sem sentir dor: ah, então foi pra ele que eu dei meu coração e tanto sofri? Amor é falta de QI, tenho cada vez mais certeza.

13 outubro, 2009

Depois de amanhã

Você já esperou muito por um dia? Aquela vontade de acelerar o tempo e lutar com o sono para dormir e acordar no momento certo. Contar as frações das horas e se perder nesse calculo desgraçado por não conseguir prestar atenção em mais nada, a não ser no ensaio, no que voce fará quando o dia chegar. E quando finalmente esse dia chega, ele não é nem um esboço do que voce sonhava - decepção. Então vem a dor.
Eu vivo esse mesmo dia há 18 anos.

É, eu sei.

06 outubro, 2009

Psicologia barata

- Filha, posso entrar?
- Não! – mães ignoram respostas obvias.
- Eu marquei uma consulta com o psicólogo para você – sorriso medonho.
- Por que você acha que eu preciso disso?!
- Ué, porque você vive quieta, pelos cantos, fugindo de tudo e de todos, de mau humor e soltando suas piadinhas malvadas...
- Piadinhas irônicas mãe, e isso não faz mal ok?
- Mas, eu como sua mãe quero o seu bem e ...
- Não, não e não!
- Se você for eu te dou três livros.
- Fechado!




- Laura Quaresma? – som de grilos – Laura Quaresma sua vez.
...
- Laura, não é você?
- Não, me chamo Luara.
- Ok, Lauara, pode passar.
- É Luara!
- Desculpe, Luana é su...
- Qual parte do Luara, você não entendeu?
- Hã? Eu já entendi Lara. O doutor está te esperando.
Respirei fundo e soletrei como se estivesse falando com meu primo de quatro anos – LU-A-RA! Você é doente por acaso?
- Pente?!
- Se você errar mais uma vez meu nome juro que alem de surda se fica muda e cega! – Levantei e fui em direção a porta.
- Última sala à esquerda, Maíra.

E essas foram suas últimas palavras. É, eu sei.
Alguma dica de livro? – ignore meu sorriso diabólico.