29 maio, 2009

Carne viva

Para a agonia não há distrações, cada segundo é uma tortura da saudade. Até então, pensei que escrevia para me esvaziar. Muito pelo contrário, a verdade é que escrevo para preencher todo esse vago dentro de mim. Uma dor constante. Posso até permanecer em pé, mas nunca curada.
Entenda, não como se meu coração houvesse parado de bater. É diferente... É como se meu coração não estivesse mais aqui. Como se eu tivesse deixado com ele tudo o que havia dentro. Não consigo respirar por muito tempo.

Não há como amar e ser feliz ao mesmo tempo. As lembranças são como uma torneira pingando no fundo da minha mente que eu não consigo fechar nem ignorar. Pinga, pinga, pinga.
Assim, embora eu não demonstre de forma verbalizada essa dor, às vezes minha frustração e minha angústia entram em ebulição e escapam pelos meus olhos. O nó em minha garganta me estrangula.
Não existe subterfúgio no que sinto, talvez por não me sentir mais.
Os esforços hercúleos que existe por trás de todos os meus simples gestos, passam despercebidos. O que é bastante útil quando você quer fugir do resto do mundo.

Quando estou em contato com o ar sinto minha pele em carne viva. Feridas que não cicatrizam e que não me deixam em paz. Ouvi dizer que tudo isso é conseqüência do amor. Que ele é uma sina. Meu destino me abandonou, me deixando a deriva de tudo que mais temia, me deixando sozinha. Sinto a ausência e percebo que a saudade é solidão acompanhada, é quando o amor não foi embora, mas quem se ama já.

26 maio, 2009

Sobre isso não há discussão

Um dia ele me disse: você ama rejeitando, abraça se afastando, sorri se escondendo e afirma perguntando.

19 maio, 2009

Necessidade ignorada

- Você tem um cigarro?
- Estou tentando parar de fumar.
- Eu também, mas queria uma coisa nas mãos agora.
- Você tem uma coisa nas mãos agora.
- Eu?
- Eu.

Caio Fernando.

Amo anonimos.

13 maio, 2009

Errei por distração

Acordei cansada, por não ter (dor)mido. O que vejo são lembranças em todos os cantos e eu ao chão, o apalpando em lágrimas tentando pega-las, tudo deixou em mim saudade. Não consigo esquecer do nome dele, nem do que ele me fez sentir – talvez seja parte de seu plano.

Por em evidencia tudo o que eu sentia, só serviu para diagnosticar essa moléstia, os sintomas foram eu ter acreditado, ter sonhado, planejado, amado. A dor no antes e no depois. Um depois do qual sofro sozinha. Eu, o silêncio e a solidão éramos quem estava ali. E não há medicamentos, meu corpo sem coração já nem reage mais a morfina do sono, meus olhos se fecham, mas só servem para me lembrar do rosto dele. Meu corpo não descansa, mas meus lábios ainda sorrirem quando o escuro me traz o cheiro dele.
Não há tratamento especifico para essa minha dor, não há tempo para preencher esse vazio. Limpe as lágrimas em seu rosto, leitor.

Ele foi um tímido, um frouxo, um covarde, um desgraçado... o amor da minha vida. E o amor é incomensurável, fato que me deixa atônita. Ele me atraia irresistivelmente como o imã atraia o ferro. Eu o curei, e ele me deixou no leito. Ele foi embora, e eu não chorei. Sangrei.
O meu erro foi ter me exposto a tal patologia, por distração eu amei. Embora, o corpo precise passar pela dor uma vez, para que não haja próximas, se tornando imune e nos livrando de recaídas. Só sei que essa dor é crônica, e involuntariamente estou matando a mim mesma.
As tuas saudades ficam onde deixas o coração.

Quando a cólera ou o amor nos visita, a razão se despede. E você culpara a distração por todos os sintomas. Acho que adoeci disso, da beleza das palavras dele, da doçura da sua voz, dos dias que imaginei com ele, das músicas que sentiam por nós, da contagem dos dias que faltavam, da intensidade das coisas, do AMOR.

11 maio, 2009

Pelas cordas do violão

- Você é meu anjo! – eu podia o sentir e não passou pela minha cabeça contrariá-lo. O Martim em mutualismo com a voz dele era responsável por parte dos momentos da nossa eternidade.

08 maio, 2009

Embaixo do travesseiro

Não importa o dia que escrevi, nem o dia que ele leu. O que importa é que minhas palavras estavam nas mãos dele.
Não deveria ser tão difícil escrever pra ele. Mas, as palavras se tornam apertadas. Sei que agora não passo de carne, saudade e silêncio.

Encontro nele pedaços de mim que estavam perdidos, entretanto não quero nenhum deles de volta. Pertencer a ele de alguma maneira torna mais concreta a superfície por de baixo dos meus pés.
Queria poder dar-lhe muito mais que palavras, mais que meu perfume, mais que uma carta.
Receio que só escrevi confissões desnecessárias – nada que ele finja não saber-, o verdadeiro propósito era impregnar meu cheiro entre seus dedos e embaixo do seu travesseiro.

Decidi não vê-lo pelo simples fato de que iria confirmar tudo o que a pulsação que sinto embaixo da minha pele me diz quando penso nele. E não acho isso nada justo. Ele me disse que a vida não era justa. Eu sabia que esse caminho que escolhi seria difícil. E, afinal, eu estava pensando na cena do pior que poderia acontecer - a pior coisa que eu poderia viver: apaixonar-me.
E não poderei saber nada de mais absoluto sobre ele, a não ser ele próprio – reconheço sua respiração -, a maneira mais absoluta de aceitar alguém ou alguma coisa seria justamente não falar, não perguntar - mas ver. Em silêncio. Talvez se eu o visse, de longe, sem tocá-lo, seria muito mais fácil voltar pelo caminho de onde vim. E a todo o momento eu sinto que deveria pedir para ele me olhar.

Não sei se ele leu a carta até o fim, ou se significou alguma coisa para ele. Eu disse o que sentia, ele faz o que entendeu. Simples assim. Agora, só queria que ele colocasse minhas palavras perfumadas embaixo do seu travesseiro, que nada mais é que meu meio de transporte para encontrá-lo.

05 maio, 2009

Mentiras, sempre mentiras

Carregando a dor de ver o que nem começou próximo de ter um fim.





"Amanheci em cólera. Não, não, o mundo não me agrada. A maioria das pessoas estão mortas e não sabem, ou estão vivas com charlatanismo. E o amor, em vez de dar, exige. E quem gosta de nós quer que sejamos alguma coisa de que eles precisam. Mentir dá remorso. E não mentir é um dom que o mundo não merece..."
Clarice L.