02 abril, 2008

Testamento utópico

Nunca vi alguém ter tanta raiva das pessoas, mas uma raiva sincera e desprezo também. E ser ao mesmo tempo tão boa...secamente boa – e eu adoro esse meu jeito, talvez seja só mais um desumano de tão humanas carências -, ódio é uma palavra forte, mas eu realmente, realmente, realmente não gosto de você. Não consigo, não quero. Consigo disfarçar tão bem, não tenho coração ou pelo menos não deixo que as pessoas o notem - tento sempre ser coerente com ele. Deixo tudo pra mim.
Não sofro por ninguém. Esse é o princípio do amor próprio – se você estiver lendo isso, sim, meu amor próprio está uma muralha e nenhum cavalo de madeira será capaz de persuadi-lo. - Os tombos nunca me fizeram crescer, só aumentaram a frieza aqui dentro.

Porque, talvez aceitei sucumbida o próprio medo de sofrer, minha incapacidade de conduzir-me além da fronteira da revolta. Mal posso acreditar que tenho limites, que sou recortada e definida. Às vezes é mais fácil viver na mentira, todos mentem – mentimos para sobreviver -, não existe mais o lado bom ou mal, o certo e o errado. Várias vezes por dia me sinto a pessoa mais ridícula do mundo, e não culpo ninguém por isso, juro. Se fico muito tempo sem escrever ou me ver até esqueço que sou humana, tudo o que eu possuo está muito fundo dentro de mim, não tenho mais perguntas, mas com certeza tenho desculpas de sobra.

Se eu lhe mostrasse todos os meus vícios, você adoeceria comigo? Creio que não, é preciso ter CORAGEM de ser o que você é diante de QUALQUER pessoa!
Realmente não sei o que posso deixar para os que ficarem, todas as minhas lembranças estão perdidas, então transformo essa impressão em certeza de solidão física – nesse estado é possível transformar-se o ódio em amor, que nunca passa na verdade da procura do amor, e vou te falar... nunca fui boa em jogos de ‘caça-tesouros -, a ausência diminui as pequenas paixões. Tudo bem, tudo bem. Admito. Não é que eu não ame, é que eu apenas não sei como executar o amor! Processe-me se quiser.

É muito difícil fugir dessa atmosfera de fracassos e de revolução. Há uma distancia que separa as palavras dos sentimentos – e o mais curioso é que no momento que eu tento falar não só não exprimo o que eu sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo. Não sei que herança poderei deixar, não sei. Não sou nada, estou sendo.
Respiro mal, como se dentro de mim não tivesse lugar para o ar – acredito que já está na hora de escrever meu testamento.

2 comentários :

JB disse...

Eu estava bem aqui.

JB disse...

Bom saber que tenho uma fã.
Adorei seu blog.