06 março, 2009

Calmaria

Uma estranha sensação de calmaria, ou então, só seja a minha mente e meu corpo se acostumando e se acomodando com os fatos. Não que eu não queira essa calmaria, muitos diriam de um modo mais poético que seria uma “Calmaria antes da tempestade”, eu até que gosto desse termo, mas porque quero, temo.

Consigo tirar um sorriso meio torto junto com um calafrio de doer, mas não estou mencionando aquela sensação de frio causada pela exposição a um ambiente frio. Quero dizer daqueles calafrios emocionais, por dentro. Sabe, eu gosto dessa sensação, sentir que ainda tem algo dentro de mim.

Minha mente parece uma orquestra sinfônica sem harmonia alguma, onde não se da pra reconhecer o som de cada instrumento. É como os dias cinza que escondem o azul anil. Como máscaras que escondem e disfarçam os sorrisos que não mostraram em nenhum momento o que eu sentia.
Tempestade de sentimentos é um som misturando angústia, incertezas e quase certezas, dor e alívio, paz, a cada acorde tocado é uma sensação diferente é um calafrio por dentro, uma melodia triste.

Ah, os dias de chuva! Essa é a melodia, é o som que quando caem sobre o teto, e escorrem pelas janelas trazem uma felicidade desconhecida, que parecem se transformarem em um estado sólido e, assim preenchendo um espaço que antes era um vazio desocupado e frio.

“Você deveria se ajudar”. É o que me dizem, e acho justo, mas não sei se acostumaria com isso. Acho que desisti antes mesmo da Calmaria e da tempestade vir. No final, dói do mesmo jeito pra todo mundo. Você acorda, mas o problema não é sua cama, não é seu quarto, não é a sua casa, tudo parece em seu lugar, ou não. Mas e então, que diabos estou fazendo aqui?

"Fico pensando se viver não será sinônimo de perguntar. A gente se debate, busca, segura o fato com duas mãos sedentas e pensa: “Achei”! Achei!”, mas ele escorrega; se espatifa em mil pedaços, como um vaso de barro coberto apenas por uma leve camada de louça. A gente fica só, outra vez, e tem que começar do nada, correndo loucamente em busca dos outros vasos que vê. Cada um que surge parece o último. Mas todos são de barro, quebram-se antes que possamos reformular as perguntas. E começamos de novo, mais uma vez, dia após dia, ano após ano. Um dia a gente chega na frente do espelho e descobre: “Envelheci.” Então a busca termina. As perguntas calam no fundo da garganta, e vem a morte. Que talvez seja a grande resposta. A única” (Caio Fernando de Abreu).



Que venham as tempestades...



Texto escrito por Sarah N.C, muito obrigada por fazer parte disso.

7 comentários :

B. disse...

texto bom,
ah, veja isso aqui, tem um selo pra você :
http://olhaotrem.blogspot.com/2009/03/regras1-exiba-imagem-do-selo-laranja.html

Luara Quaresma disse...

Texto MUITO bom (:

Daniel disse...

Gostei do texto! =]

Mas para mim, a maior pergunta é: quem, de fato, sou eu?

Será que todo mundo se pergunta isso? Quantos encontram a resposta pra essa pergunta simples?

Fernando disse...

Um ótimo texto. Mas ainda assim, detesto a calmaria, a tempestade muda o mundo, e os trovões fazem os cachorros latirem. E as crianças chorarem.

Beijos.

Carolina disse...

Parabéns pelo nosso dias... que são todos!!! hehehe
bjos queridos pra ti!

Gustavo Machado disse...

HAHAHAHAHAH
Adoro metonímias, é ótimo te ler também :)

Anônimo disse...

cada vez melhor!