06 junho, 2009

Vacilos póstumos

Por algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo principio ou pelo fim. É preciso aprender a nos esquecer de nós mesmo para não doer tanto quando abrir os olhos. O meu pensamento, não tenho certeza se está em mim, ou em outra parte de você. Talvez eu só precisasse te contar meus segredos, parar de correr em círculos ou gritar o silêncio. O que eu preciso é te encontrar.

Na próxima vida vou escrever menor e mais depressa, para as lembranças poderem fugir. Muitas coisas se dizem que não deveriam ser ditas. Ninguém disse que seria fácil. Mas estas coisas subentendem-se e não se dizem por ociosas. Algumas delas faço de minhas palavras, com gosto de poema. Porém, meus versos é sangue. Eu escrevo como quem morre. Porque eu sei que mesmo depois de tudo, algum dia ele encontrará aqui todas as coisas que não tive tempo de lhe dizer. Por falta de presença e por excesso de ausências. Há quem diga que foi de amor.

Sei que as pessoas não levam flores, mas pedras. Calado, me diga se devo ir embora. E se o mundo tiver razão, o problema é meu. Porque afinal este mundo tal como está, me faz pensar em largá-lo.
E com todos esses vacilos de alguém que viu tudo se transformar em cacos, afirmo que aprendi que não existem mortes, mas a vida que sai de dentro da vida. O amor que não morre, mas adormece. E apesar de todo o esforço do homem, ele nunca encontrará a morte absoluta. A não ser que deixe de amar.

11 comentários :

Emanuela Régia disse...

Adoro a maneira como vc escreve [acho que já falei isso]... o que vc pensa e como vc pensa, se parecem muito comigo há alguns anos... Depois a gente a conclusão de que não vale a pena sofrer por alguem, ou que , na maioria das vezes, estamos sofrendo por nós mesmas, por nossos erros, por nossas escolhas... sempre haverá um outro alguem, mas só o veremos quando pararmos de nos sentir culpadas pelo que passou...
Na verdade, parece que gostamos do sofrer e, inconscientemente, não queremos que isso acabe!

Natália Coelho disse...

Realmente não basta ler é preciso sentir.
Seu texto é bastante pessoal e introspectivo, parece ser uma coisa bem sua, mas ao mesmo tempo também pode ser generalizado.
Cada um o lerá e entenderá de acordo com as vivências que seu texto o remete.
Eu me identifiquei com a descrença do mundo de hoje, quando você falou "Porque afinal este mundo tal como está, me faz pensar em largá-lo".

Bonito o texto.
Abraços

www.progestgrow.blogspot.com

carolina bertelli disse...

Um dia ele me disse: você ama rejeitando, abraça se afastando, sorri se escondendo e afirma perguntando.


eu fico encantada como você consegue ser tão sensível nas palavras.

Felipe Martini disse...

daí já não sei
metafísica não é com eu

Renata Braga disse...

Adorei teus textos... intensos também... me vi em algumas das tuas frases...

sabe...escrever sobre sentimentos parace fácil... mas não é...poucos conseguem isso...

E tu conseguiu.

Vou te colocar nos meus favoritos... e nçao deixe de aparecer no meu lugarzinho.
Beijo

Carolina disse...

É verdade, por vezes, carregamos mais pedras do que outra coisa que seja!
bjos meus

Felipe Moraes disse...

"O amor que não morre, mas adormece".
Com isto em mente, certamente adormecerei feliz nesta madrugada.

Henrique disse...

Plágio do Machado de Assis. :P

Luara Quaresma disse...

Machado nao larga do meu pé.

carlos massari disse...

será sempre o mesmo. e não só o céu.

e de fato, o amor não morre. ou se morre, sempre volta pra nos assustar.

Albertt disse...

realmente, se nao souber sentir, nunca vão enteder o que vc escreve!
abraços