26 fevereiro, 2008

Suspiro

Não se afobe, hoje senti vontade de mastigar meus pensamentos e escrever aqui, acordei meio ‘manteiga derretida’, estou vendo o amor aonde não existe – desista se você apostou que estou apaixonada, errou feio, passe tudo pra cá -, apenas acordei com vontade de ser mortal, desenhar o que eu vejo e usar as cores e sentimentos.

Nossa! Não estou me reconhecendo.

Posso ser paranóica, mas não sou um andróide – eu gostaria de ser o vento que acaricia o mar e chamado das montanhas, os raios do luar e tudo que possa voar – meu Deus, chame um médico, preciso de uma camisa de forças.

Estou cansada de só ouvir, quero sentir também – tenho pouco tempo, acredite, pouco resta de mim -, o que eu sinto eu não ajo, o que ajo não penso, o que penso não sinto.

Solidão. Não me entendo e ajo como se me entendesse. O amor. Não preciso viver dele, não preciso dele pra viver. Não seja tão altruísta, isso não existe.

Estou em busca de minha essência, um silogismo completo, a premissa antes da conseqüência, a conseqüência antes da conclusão. Suspiro.

Juro que vou tentar não adormecer durante minhas orações – dedos cruzados e um bocejo atrevido.

Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas. E faz frio em pleno fevereiro, e eu acordei enxergando amor no invisível e me senti abarrotada de êxtase. Tudo é tão lindo, será que chegarei até amanhã?

Quero que alguém invada a minha vida. Pode ser da pior forma.

Pra que tudo isso?

É que recebi um sorriso, estava vagando pela rua – as calçadas são minhas cúmplices de fugas fracassadas -, uma bola chegou até mim. Constatações. De trás de um muro pintado de epifitas surgiu ele: Não chegava em minha cintura, olhos apreensivos de um verde intenso, mãos pequenas e unhas sujas, cabelo mal cortado – provavelmente ele não parou quieto na cadeira do barbeiro -, chinelos havaianas, joelhos ralos e um aroma de leite quente e chocolate. Ele era o dono da bola.

Não sei como ele percebeu o trajeto que minhas lágrimas tinham feito em minha face instante antes, eu me senti constrangida - hei, ele é só uma criança, você consegue lidar com isso. Não me olhe assim.

Claro, a bola. Devolva pra ele e tudo esta acabado, você volta pra sua vida – alias, nem por um minuto se quer me desviei do livro arbitro – Engano.

Estendi as mãos e alcancei a bola pra ele. Pronto, agora pare de me olhar e me deixe em paz – ele no máximo tem 6 anos -, ele continua a me encarar e ele sorri.

Deixe-o para atrás, está tudo sobre controle. Continue andando, direito esquerdo, respire.

Ele esta vindo, posso sentir – juro que não é mania de perseguição -, a voz. Ele me chamou. Espere. Não eu não espero. Pode ser importante.

Virei e ele estava ali, parecia ter corrido, o sorriso continuava no seu rostinho.

O que você esta fazendo?

Isso se chama abraço, Luara. Um abraço.

Sua mãe não te ensinou a nunca abraçar estranhos? – tudo bem que eu não tenho cara de perigosa nem nada, mas eu sou má. Consumado.

Não sei bem o que foi isso, mais um teste provavelmente. O que Ele espera de mim? Não preciso provar nada a ninguém, eu fechei os olhos e o abracei. Arthur me agradeceu por ter pegado a bola dele á tempo de ir para o meio da rua, eu consegui sorri.

Sou grata por ele ter salvado meu dia. Resta-me atravessar a rua e voltar para casa.

Um ato, eu estou numa guerra.


Só sei que a gente inventa o amor e dor e tudo que nos satisfaz.

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