20 junho, 2008

Desconhecida

Sou muito mais do que essas letras, frases e fotos falam sobre mim... Sou as minhas atitudes, os meus sentimentos, as minhas idéias!
Se você já leu mais de um texto meu, poderá perceber o quanto (in) voluntariamente tenho necessidade de me descrever. Ser.
Mas, a verdade – incomoda, diga-se de passagem -, é que busco por mim mesma em meus parágrafos delineados. Minha mente perturbada - eu sou meio perturbadinha, você já deve ter reparado -, acaba que consequentemente me abandonando. Sobrevivo à solidão, porque a maior de todas que vivo é a interna, aquela sensação de não ter nada, de estar vazia. Eu me amo, embora não seja correspondia.

Ninguém pode ser exatamente como eu. Algumas vezes eu mesmo tenho problemas sendo assim. A verdade, é que os judeus só deram três gênios originais: Cristo, Spinoza e eu. Às vezes, eu tento ser modesta. Mas, aí começam a me faltar argumentos.
Preciso me tornar alguém. É desesperador ser desconhecida para si mesma, eu até tento acreditar que isso vai chegar ao seu apogeu e então acabar - a esperança seria a maior das forças humanas, se não existisse o desespero.
Meus princípios e vontades permanecem intactos apesar disso. Procuro parecer melhor do que sou. Outras vezes, procuro parecer pior. Hipocrisia por hipocrisia, prefiro a segunda.
Eu julgo as pessoas pelos sapatos. Depois reparo em seus joelhos e panturrilhas. – Ok, isso não saiu tão engraçado, é que você precisa ver meus gestos!- Primeiro estranha-se, depois entranha-se.

Minha mãe me ensinou a nunca falar com estranhos, por isso falo sozinha. E com isso, eu sempre sinto muito mais do que eu posso entender. Gostaria de me descobrir – que fique claro que me conheço. Já disse que adoro te confundir? Idiota. -, e começar a ESCREVER realmente. Fazer literatura, fazer algo notável, escrever para alguém e não para mim. Ter a ânsia de buscar o que as pessoas buscam e ter o prazer de ler meus textos e pensar que não há só vácuo concentrado dentro de mim. Obter algo que me faça dormir sorrindo. Conhecer uma escritora, ser esta escritora.
O mundo não pode ser mudado apenas com palavras bonitas. Palavras podem ser ditas escritas, mas se não forem realmente entendidas... Não modificam nada... São apenas palavras... Eu procuro um jeito de não padecer.
Não tenho nada a oferecer a ninguém, a não ser minha própria confusão. Eu não sou pessimista, o mundo que é péssimo, todavia eu tento a sorte porque o azar é inevitável.
Acostumei com a fossa agora só me surpreendo com um câncer ou com a volta de Cristo. Talvez ter nascido me estragou a saúde, mas isso não me fará perder a curiosidade de saber quem é essa tal Luara Quaresma. Patético. Digno. Eu.

7 comentários :

Rubem Rocha disse...

- Te descreve{s} GARBOSA. E não são só palavras ç.ç

disse...

Belíssima autoapresentação, garota.

Henrique Monteiro disse...

Eu fiz do vazio que sentia: textos.
E meus textos fizeram certas pessoas se sentirem cheias, completas.

Não. Isso não mudou praticamente nada em mim. Mas o fato de mudar a quem me lê, já é o suficiente.

Luara Quaresma disse...

E eu pensei que era a unica q se sentia assim henrique!
A unica coisa que nos difere eh o fato de eu nao me importar em preeencher o alheio.

Willian disse...

Então! De duas, uma: Ou vc é exagerada ou bondoza. (Pensando bem agora, não descarto a possibilidade de ser ambos)

Mas de qualquer forma obrigado pelo elogio, vindo de você, é uma inenarrável honra.
E digo mais, apesar de conhecer te pouco, um texto na complexidade-atormendada do seu só pode ser de uma pessoa com a cuca perigosa, ou em outras palavras, uma mente questionante e inteligente

Se você criar um link com a palavra "pertubadinha" do seu texto com o primeiro paragrafo do meu vai entender o porquê não me canso de visitar esse "atormendado" blog.


Parabêns por mais uma amostra da sua mente, novamente.


Bjão

S disse...

já fazia tanto tempo que eu não dava as caras por aqui que quase me esqueci do quanto a senhorita escreve bem!
Honestidade exagerada a parte, gosto que escreva sobre voce, se existe algo que depois de tudo não podemos perder é nosso próprio senso de "primeira pessoa", quando a pessoa só escreve sobre um terceiro, na minha mais sincera opinião, é por que ela está simplesmente vazia, do modo mais escroto que um ser humano pode se tornar, de uma forma que nem desprezo possa proporcionar.
Luara Quaresma? Mal posso esperar para conhecer!

Igor Palhares disse...

Ela é a parte de tudo isso que diz: "Eu estou viva".