23 dezembro, 2008

Pandorga

O dia todo olhando para o chão, tentando administrar uma relação de amizade com as sombras na parede. A noite toda ouvindo vozes me dizendo que eu deveria dormir um pouco, pois amanhã pode ser bom para alguma coisa. O infinito se encontra no teto do meu quarto. Atrevo-me a sair pra fora, e me sinto como uma pandorga quando cruzo com o vento e afavelmente comprimento o Sol. A pipa por sua vez se encontra patinando num céu que é só seu, sem importar-se pelo fio que a prende, um fio que vem de baixo e que apesar de toda sensação de liberdade, ela não passa de um brinquedo controlado por alguém, que a qualquer minuto volta a enrolar o fio e a trazê-la de volta para o chão.

Tento corrigir-me às noites em que não estou tão cansada para rever meus erros do dia. E mesmo sabendo no momento das atitudes que não posso, eu faço - em respeito aos meus motivos. Há uma grande diferença entre significado e significante. Perco o ar e respiro pra entender, o que é ser alguém.
Quando reclamo do tempo em seguida vem à acomodação. Não é de tempo que eu preciso pra concertar as coisas, pra fazer mais por essa minha vida que esta passando diante de mim enquanto estou sentada no cordão da calçada reparando nas placas dos carros. Se me fosse concedido mais tempo, não mudaria em nada. Só aumentaria a minha falta de interesse por tudo isso. Só teria mais tempo pra ficar a toa. Existem apenas 3 coisas interessantes para se saber sobre mim. E eu não sou uma delas.

Não sei o quão abstrato tudo isso pode parecer. Pensar no futuro, indagar o depois sempre prejudica o presente.
O tempo passa. Mesmo quando isso parece impossível. Mesmo quando cada batida do ponteiro dos segundos dói como o sangue pulsando sob um hematoma. Passa de modo inconstante, com guinadas estranhas e calmarias arrastadas, mas passa. E a pandorga vai acabar se enroscando em algum poste de luz, ou presa entre os galhos de alguma árvore.

6 comentários :

Ananda V. Sgrancio disse...

quando deito na cama a noite eo torço para qe não amanheça, ou qe se amanhecer eo nao esteja aq.
de qe adiantar viver sem se qer saber qem eo sou, o qe to fazendo aq?!

boa noite.

Unknown disse...

Mesmo controlada por um fio, ela patina pelo céu, ela dança contra o vento, e no final das contas vai parar no chão.

Mesmo sentada na calçada olhando as placas dos carros, talvez pensando no futuro, e no final das contas vai parar presa entre os galhos de uma árvore.

No fim de todas as contas uma hora à gente sempre para. Então para que se importar tanto assim? Pode ser... (ou não)

.


;)

Ana Sanson disse...

gostei do final (:

Nathália E. disse...

Olha, nunca tinha pensado nisso.
Sou uma pipa. Rsrs
Livre, mas ainda controlada.
Contraditório, não?

Luara Quaresma disse...

Sou um poço de contradições.

Anônimo disse...

contém um lirismo sensacional.
vamos compartilhar a energia poética. entra no meu blog:
www.poesiaimoral.zip.net